Após perder mãe e avó, menino que comeu bolo no RS pede orações a padre

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A rapaz de 10 anos que o comeu um bolo com suspeita de intoxicação em Torres (RS), escreveu uma missiva a um padre da cidade pedindo orações pelos familiares que morreram depois consumirem o comida.

 

A missiva foi entregue pelo avô do menino no domingo (29) ao padre Leonir Alves, da Paróquia São Domingos. ”Querido padre Leonir ou Almo, quero pedir que minha mamãe, dinda e vó descansem em silêncio. Que Deus acolha elas e dê a silêncio eterna”, começava o escrito.

A rapaz pediu ao líder religioso que orasse pela mãe, avó e madrinha que morreram. As três tiveram uma paragem cardiorrespiratória no dia 24 de dezembro depois comerem um bolo de Natal com suspeita de intoxicação.

O menino, que foi hospitalizado, também justificou sua falta nas missas. ”Eu não posso estar presente pelo indumento de eu estar hospitalizado ainda. Gostaria que fizesse uma reza para elas para mim. Obrigada”, escreveu.
O padre relatou à reportagem ter ficado sensibilizado com a história do leal, que também é coroinha na igreja. ”Quando li a cartinha, fiquei emocionado e pensando naquele menino de 10 anos que perdeu a vó, a mãe e a dinda. Perguntei se eu podia pedir para a comunidade para rezarmos juntos e fiz isso ao final da missa”, contou.

Na última terça-feira (31), a rapaz recebeu subida da UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

ENTENDA O CASO
Quatro mulheres e uma rapaz de dez anos procuraram assistência médica depois de consumir o bolo. Os pacientes deram ingressão na noite de segunda (23) no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.

Duas delas morreram ainda na madrugada da terça (24), e uma terceira morreu na noite do mesmo dia. Elas tiveram paragem cardiorrespiratória, segundo o hospital. A quarta adulta permanece na UTI e a rapaz está na sala vermelha—também dedicada a pacientes em estado crítico.

As vítimas foram identificadas uma vez que Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. Os nomes foram confirmados à reportagem pelo mandatário da Polícia Social de Torres. Maida e Neuza eram irmãs. Tatiana era sobrinha e filha das duas, respectivamente.

O marido de Maida também comeu o bolo e foi ao hospital, mas já teve subida. Eles estavam reunidos para um moca da tarde quando começaram a se sentir mal.

A mulher que preparou o bolo também foi hospitalizada, mas buscas foram feitas em sua lar. Nela, investigadores encontraram vários produtos fora da data de validade.

O ex-marido da responsável pela preparação do bolo havia morrido em setembro. Posteriormente a novidade situação familiar, a polícia vai pedir a exumação do corpo para investigar as causas da morte, conforme o mandatário titular de Torres, Marcos Veloso.

PRODUTOS MAL ARMAZENADOS
A investigação aponta que Zeli teria tido problemas com sua geladeira. Em novembro, a mulher relatou que o eletrodoméstico de sua lar em Arroio do Sal ficou sem funcionar devido a um curto-circuito depois um apagão na cidade.
Ao chegar na lar, Zeli teria sentido um ”cheiro insuportável” da geladeira. O mandatário conta que ela jogou alguns itens, uma vez que músculos, fora. Enquanto outros, no entanto, teriam sido reutilizados.

Uvas-passas e outras frutas cristalizadas teriam sido usadas no bolo um mês depois. ”Não se sabe ainda se esse seria o motivo de ter sido encontrado arsênio tanto na mulher que fez o bolo, uma vez que no menino de 10 anos e na Neusa”, explicou.

Arsênio foi encontrado no sangue das vítimas. O elemento químico é considerado inadequado para consumo humano. Sua venda é considerada restrita a laboratórios que produzem pesticidas. Sua ingestão pode levar a problemas cardiovasculares, de rins e fígados e, dependendo da quantidade, gera intoxicação crônica. O elemento é o principal usado para produzir arsênico, veneno perigoso utilizado, normalmente, para matar pragas.

Polícia descarta até o momento a possibilidade de homicídio doloso. As autoridades policiais acreditam que as divergências da família eram consideradas ”normais”.