SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Antes mesmo de passarem pelo portão e chegarem à rua, centenas de estudantes já estavam com os celulares nas mãos no início da tarde desta segunda-feira (3). Muitos desciam as escadas sem tirar os olhos do aparelho e outros já estavam com fones nos ouvidos escutando música.
Nesta segunda-feira (3), as aulas na rede estadual de São Paulo voltaram com a proibição do uso de celular durante todo o período escolar -das aulas ao pausa. Na escola estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, em Perus, na zona setentrião da capital, os alunos contaram que, na prática, a regra não foi aplicada de forma tão severa.
Pela lei estadual paulista, os alunos não podem ter chegada ao aparelho enquanto estiverem na escola. Ou seja, o celular não pode ser guardado na mochila. Mas, na Brigadeiro Gavião Peixoto, a orientação, pelo menos para esta primeira semana de aulas, é que os aparelhos fiquem guardados com os estudantes.
“Os professores conversaram com a gente e disseram que essa primeira semana será de orientação e conscientização. Nós somos os responsáveis por cuidar do aparelho e não usar, por isso, eles disseram que podemos vigiar na mochila”, conta Ana Giulia, 15, aluna do 1º ano do ensino médio.
Ela era uma das que já saíram da escola com o celular em mãos. “É muito difícil permanecer tanto tempo sem mexer no celular. Eu estava entediada na sala e mesmo assim não olhei”, conta.
Lívia, 14, também disse que deixou o celular dentro da mochila durante toda a manhã, só aproveitou o pausa e alguns minutinhos da lição para dar uma espiadinha no aparelho. “Eu evitei mexer, mas dei uma olhadinha rápida para conferir a hora, ver se minha mãe tinha mandado mensagem”, conta a estudante do 1º ano do ensino médio.
Ainda que as leis, tanto a estadual quando a federa -em vigor , estabeleçam que a proibição vale para todos os momentos e espaços da escola, inclusive durante o pausa e troca de aulas, os alunos contam que têm premência de usar o aparelho fora da sala.
“Muita gente usa o celular para remunerar a cantina com Pix. Uma vez que vamos fazer nesses casos? Na hora do pausa, quase todo mundo pegou o celular pra dar uma conferidinha nas mensagens, penetrar as redes sociais”, contou Raquel 16, aluna do 2º ano do ensino médio.
Enquanto os alunos resistem à proibição, a maioria dos pais aprovam o veto e acham que a lei pode ajudar a controlar o uso do celular até mesmo em morada.
“Espero que agora os alunos voltem a ser alunos, deixem o celular de lado e passem a prestar atenção na escola. Sendo lei, eu acho que eles vão ser mais responsáveis e vão obedecer, porque agora entendem que não é o pedido de um professor ou dos pais, mas que precisam satisfazer a lei”, disse Edileuza dos Santos, 56, mãe de um aluno do 2º ano do ensino médio.
A professora Monique Panella, 34, também aprova a medida e orientou seu fruto a continuar levando o aparelho, mas pediu para que ele seja desligado mal chegar à escola.
“Ele vem sozinho a pé para a escola, é uma marcha de 10 a 15 minutos e eu fico preocupada. Por isso, ele vem com o celular para me avisar que chegou muito. Assim, eu posso ter certeza de que ele está seguro”, contou.