MATHEUS DE MOURA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Até 2019, era possível observar em qualquer bloquinho a promoções de três cervejas por dez reais. Em 2022, quando as ruas voltaram a ser ocupadas para a festa da carne, a adorada promoção já vinha se tornando mais incomum.
Em 2023, contudo, o oficial se tornou 3×12. Ambulantes todos seguem o mesmo preço, nem mais nem menos.
“Tudo subiu. Antigamente tu comprava uma caixa de 15 Brahmas por 27 reais, hoje eu compro por 35, 85”, explica a vendedora Ana Paula Neves dos Santos, 39.
Para ela, os preços dos ambulantes já estão no limite do lucro e, portanto, nem adianta chorar por um precinho camarada.
A única pessoa que parece conseguir burlar a inflação da cerveja é Igor Marcelo Soares de Moraes, 36, que anuncia a clássica 3×10 enquanto puxa seu isopor repleto de gelo por um carrinho de ferro enferrujado.
“Se você rodar esse bloco todo, de ponta a ponta não vai ver ninguém com esse preço”, afirma, confiante.
Seu segredo, explica, está em comprar as cervejas que a distribuidora não consegue vender. Aquilo que encalha, ele promete liquidar nas ruas carnavalescas.
“15 Brahma tá 36, mas eu compro por 32”, conta ele.
Seu único problema, relata, é a repressão da Guarda Municipal. Para não ter o material apreendido, ele precisa fazer diferente dos ambulantes que tem aval da prefeitura: enquanto estes ficam parados onde acham mais confortável, Igor tem que se manter em movimento o tempo todo.
“Se levarem minhas coisas, como é que eu pago a distribuidora depois?”, questiona.
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