SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Alemanha decidiu fechar temporariamente suas fronteiras com a República Tcheca e com a região de Tirol, na Áustria, em uma medida que chamou de último recurso para conter a propagação de novas variantes do coronavírus após surtos nos países vizinhos.
O governo alemão instalou os postos de controle neste domingo (14), gerando protestos da Áustria e preocupações sobre problemas de abastecimento que podem afetar o setor de manufatura.
“Temos uma situação que tivemos de tomar as medidas necessárias para se prevenir das variantes do coronavírus”, afirmou Steffen Seibert, porta-voz da chanceler Angela Merkel, durante entrevista coletiva. “[As variantes] estão se espalhando rapidamente na Alemanha, assim como, infelizmente, nos países vizinhos.”
Seibert afirmou ainda que o retorno à normalidade nas fronteiras é do interesse de todos os envolvidos. Berlim considera zonas de alto risco a República Tcheca, a Eslováquia e a região de Tirol, na Áustria -esta considerada o maior foco da variante sul-africana. As autoridades do país podem ainda impor as mesmas restrições com a região francesa de Moselle, onde há grande circulação das novas variantes.
As divisas entre os países que integram a zona de Schengen na Europa normalmente não possuem controle para viajantes e comércio. Após a decisão alemã, no entanto, apenas motoristas de caminhão, cidadãos alemães e aqueles que precisam cruzar a fronteira diariamente podem fazê-lo, se tiverem um teste negativo para Covid-19.
O ministro do Interior da Áustria, Karl Nehammer, afirmou que a medida é inaceitável. O governo do país convidou o embaixador alemão em Viena para discutir a situação.
Para garantir o controle, mais de mil policiais foram mobilizados. A companhia de trens alemã, Deutsche Bahn, também suspendeu as conexões com essas regiões, e, na manhã deste domingo, forças de segurança fiscalizavam as chegadas no aeroporto de Frankfurt.
Emissoras tchecas exibiram imagens aéreas de filas quilométricas de caminhões nas três principais estradas que levam à Alemanha. Os motoristas esperam de duas a duas horas e meia no congestionamento.
Ainda no sábado (13), antes da entrada em vigor da medida, muitos se apressaram para cruzar as fronteiras. “Estamos curiosos para saber o que vai acontecer, já que fazer um teste toda semana e ainda pagar por ele seria um desastre”, afirmou à AFP Milan Vaculka, que estava no posto de fronteira de Rozvadov, pois precisava cruzar a Alemanha para chegar à França.
Muitos produtores alemães, especialmente de carros, dependem de peças fabricadas nos vizinhos do leste europeu, fazendo com que as medidas restritivas levassem a temores de queda na produção.
BMW, Volkswagen e Audi afirmaram nesta segunda-feira (15) que o novo regime de controle fronteiriço não afetou a produção até o momento.
A União Europeia disse não estar de acordo com as restrições e teme que, como na primavera do ano passado (inverno no Brasil), cada país enfrente a pandemia individualmente.
“Posso entender o medo diante das mutações do coronavírus, mas tenho que dizer a verdade, que é que o vírus não irá parar com as fronteiras fechadas”, afirmou neste domingo a comissária de Saúde, Stella Kyriakides, ao jornal alemão Augsburger Allgemeine.
“A única coisa que ajuda são as vacinas e as medidas de prevenção e, em minha opinião, é errado voltar a março de 2020, a uma Europa de fronteiras fechadas”, acrescentou.
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