SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A terra Indígena Apyterewa, do povo parakanã, homologada em 2007 e uma das mais invadidas e desmatadas na Amazônia, está sob tensão desde domingo (15) devido a ameaças de ataques de grileiros a aldeias.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), que acompanha as ameaças, as polícias Federal e Civil foram acionadas e tentam viabilizar medidas prioritárias de segurança para evitar violência contra as aldeias parakanã.
A área, localizada entre os municípios de São Félix do Xingu e Altamira, no Pará, é de difícil acesso, o que é um obstáculo para a atuação das forças de segurança.
Nesta segunda-feira (16) novos relatos chegaram ao conhecimento dos procuradores da República que acompanham o caso, em Redenção, no Pará, a cidade mais próxima das aldeias que podem ser invadidas.
De acordo com os relatos, homens não indígenas montados em cavalos cercaram ao menos uma das aldeias recém-abertas pelos parakanã, instaurando um estado de terror e medo entre os indígenas.
Os relatos são feitos por meio de áudios em que os indígenas contam terem sido avisados sobre a organização, por fazendeiros, de equipes para atacar aldeias.
O MPF informou que medidas administrativas e judiciais de proteção aos indígenas estão em curso e serão intensificadas com urgência.
A retirada dos invasores foi prevista como uma das condições prioritárias da licença ambiental para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em operação desde 2019.
O MPF processa o estado brasileiro para obrigar a desintrusão (retirada) e pede à Justiça Federal que multe o governo por não cumprir as decisões judiciais.
“Conflitos com fazendeiros e grileiros são frequentes e nos últimos dois anos invasores confrontaram diversas vezes fiscais ambientais e servidores da Funai que trabalhavam na área, chegando a atirar bombas contra eles”, afirmam os procuradores.
Por causa das invasões, 17 famílias do povo parakanã decidiram abrir duas aldeias no interior do território, a Ka’a’ete e a Tekatawa, para ampliar a área de ocupação indígena e a proteção territorial. São essas aldeias que estão próximas da área de invasão, o que deixa os indígenas em situação de vulnerabilidade.
Indígenas que vivem à beira do rio Xingu, em área mais distante das invasões, estariam preparando uma expedição em direção às aldeias ameaçadas para protegê-las contra os ataques.
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