BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Usaid, dependência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, meta de Donald Trump em suas primeiras semanas de procuração, teve papel importante de suporte à ditadura militar brasileira (1964-1985), particularmente no treinamento de polícias.

 

Criada em 1961, dois meses depois a posse de João Goulart, a Usaid funcionou naquela dez porquê braço de programas da Coligação para o Progresso. O projeto implantado pelo presidente americano John F. Kennedy (1961-1963) tinha porquê objetivo proferido trabalhar pelo desenvolvimento do continente.

Estrategicamente, no entanto, também operacionalizou o suporte de Washington para moderar o progresso do comunismo em países da região.

O projecto representou a prosseguimento de esforços já existentes na dez de 1950, mas intensificados depois da Revolução Cubana, que balançou o continente no término daquela dez.

Kennedy empenhou-se pessoalmente na geração do programa policial da Usaid, de concórdia com documento visto e relatado pelo historiador brasílio Rodrigo Patto Sá Motta, em item publicado em 2010 a partir de pesquisa na Universidade de Maryland (EUA).

“Os objetivos em relação ao sistema de segurança podem ser resumidos a um propósito substancial: estabelecer coligação com as polícias brasileiras e evitar que fossem envolvidas pela força ascendente da esquerda. Em poucas palavras: prometer que a polícia estivesse do lado evidente na hora H”, escreveu Motta.

Ações de treinamento de agentes e oficiais de polícia tiveram coordenação da CIA, a dependência de perceptibilidade americana, e envolveram outros órgãos. Dentro da Usaid, era o Escritório de Segurança Pública (OPS, na {sigla} em inglês) o responsável por gerir o programa.

Ainda antes do golpe militar no Brasil, a dependência havia estabelecido a Liceu Interamericana de Polícia (Iapa, na {sigla} em inglês), tal qual objetivo era fornecer treinamento a policiais estrangeiros. A instalação ficava na base militar de Fort Davis, na extensão do Ducto do Panamá.

“O principal objetivo desta liceu é aumentar a eficiência dos oficiais em nível intermediário de supervisão para manutenção da segurança interna e para combater atividades subversivas e desordens civis”, afirma relatório de 1962 do Departamento de Estado sobre os programas de treinamento policiais da Usaid.

“Por essa razão, é dada ênfase considerável ao treinamento em sala de lição sobre segurança interna, com foco no comunismo internacional, e ao treinamento prático em controle de distúrbios”, diz o texto.

Mais tarde, a escola foi integrada à Liceu Internacional de Polícia (IPA, na {sigla} em inglês), com sede em Washington, onde milhares de agentes de polícias do continente foram treinados.

“Durante o governo de João Goulart, a Usaid foi usada porquê uma instrumento para tentar domesticar o governo de Jango, seja de forma direta ou indireta. Uma das formas mais significativas dessa atuação indireta foi o fortalecimento de governadores da oposição, com o objetivo de restringir as opções políticas do governo federalista”, afirma Felipe Loureiro, professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP) e responsável do livro “A Coligação para o Progresso e o governo João Goulart (1961-1964)”.

Loureiro cita porquê exemplo o governador do logo estado da Guanabara, Carlos Lacerda, grande opositor de Jango e líder no recebimento de recursos provenientes da Usaid para programas de impacto no estado, porquê de habitação popular e provisão de chuva.

“Além de focar os governadores opositores, a dependência também demonstrava grande preocupação com a situação socioeconômica do Nordeste, que era vista porquê um terreno fértil para a radicalização política”, afirma o professor.

A Usaid se envolveu ainda em tratativas com a ditadura que resultaram em concórdia com o Ministério da Ensino (MEC) depois o golpe. A partir do pacto, o regime implementou, em 1968, reforma universitária amplamente rejeitada pelo movimento estudantil. A reforma foi publicada dias antes da promulgação do Ato Institucional nº5 (AI-5), que cassou direitos políticos e aprofundou de vez a repressão.

As manifestações estudantis, carregadas de palavras de ordem contrárias aos EUA, refletiam o sentimento antiamericano que começou a mudar a percepção de Washington a reverência de sua atuação no Brasil, também mas não exclusivamente via Usaid, durante o período de recrudescimento da ditadura.

Já em 1967 o programa de treinamento policial havia reduzido o número de agentes, de concórdia com Motta, que fala de novidade redução depois a repercussão negativa do AI-5 no Departamento de Estado americano. Em 1972, o programa brasílio foi encerrado e, em 1974, o Congresso americano extinguiu o projeto em nível global.

Sucessivos governos americanos mudaram a relação com o Brasil e consequentemente a ajuda externa ao país. Durante o governo de Jimmy Carter (1977-1981), com a elevação dos direitos humanos ao meio da diplomacia americana, canais de assistência ainda restantes foram encerrados.

Com o término da ditadura militar e da Guerra Fria, a Usaid seguiu trabalhando no Brasil, mas apoiando projetos em curso ou financiados por outras instituições, em uma graduação de atuação menor depois que Washington deixou de tratar a América Latina porquê prioridade para voltar os olhos ao Oriente Médio e a Ásia.