O Fundo Monetário Internacional (FMI) traçou nesta quarta-feira, 11, um cenário menos pessimista para a situação fiscal do Brasil, mas diz não acreditar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai conseguir zerar o déficit das contas públicas no próximo ano, como ele prometeu. Apesar dessa previsão, o ministro reiterou também ontem que vai cumprir as metas primárias e que isso será possível por meio de medidas adicionais para aumentar as receitas.
Segundo o relatório Monitor Fiscal, divulgado ontem, em meio às reuniões anuais do Fundo e do Banco Mundial, que acontece em Marrakesh, no Marrocos, a instituição disse esperar que o Brasil apresente déficit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, voltando ao vermelho após registrar superávits nos últimos dois anos.
Dívida
Para 2024, o organismo ainda vê o País no negativo, com um déficit primário de 0,2% do PIB. E o Brasil colocaria as suas contas no azul somente em 2025, quando deve registrar superávit primário de 0,2%, prevê o FMI. A partir daí, o Fundo vê o País superavitário até 2028.
Quanto à dívida brasileira, o FMI também melhorou sua projeção, mas seguiu pessimista. O Fundo – que leva em conta os títulos do Tesouro em posse do Banco Central – espera que a proporção dívida versus o PIB do Brasil também volte a crescer neste ano, para 88,1% – em junho, essa projeção era de 88,4%. Esse dado é um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco. No ano passado, a relação dívida/PIB do Brasil ficou em 85,3%.
Ainda que cresça menos, o Brasil seguirá com uma das maiores dívidas como proporção do PIB. Conforme os cálculos do FMI, o País só não perde para economias como Argentina, que tem um programa bilionário junto ao Fundo, e Egito.
À frente, a expectativa do organismo é ainda mais negativa. O Fundo vê essa relação chegando ao patamar de 90,3% em 2024, avançando até 96,0% em 2028.
Tanto o Fundo quanto o Banco Mundial aproveitaram o encontro anual para alertar sobre a importância de os países cuidarem das contas públicas. De acordo com as instituições, passada a pandemia, agora é preciso fechar as torneiras dos gastos, ainda que haja muita pressão no horizonte por suporte público em um ambiente de inflação elevada e que corrói o poder de compra dos consumidores. “Isso é realmente importante”, advertiu Ajay Banga, presidente do Banco Mundial.
Compromisso
Em posicionamento ao Comitê do Fundo Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês) ontem, Haddad voltou a afirmar que o Brasil vai zerar o déficit primário até o fim de 2024 e entregar um superávit de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, último ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.