SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Max Verstappen, 25, elevou neste sábado (7) a régua com a qual é medida seu lugar na história da F1. O holandês entrou para o hall dos tricampeões da categoria.
Em corrida “sprint” de menor duração no autódromo de Losail no Qatar, Sérgio Perez, que era o único que ainda tinha chance de alcançar Verstappen em pontos, sofreu um acidente, garantindo o tricampeonato ao holandês.
Já é possível traçar paralelos entre a carreira do piloto da Red Bull e nomes como de Ayrton Senna (1960-1994), Nelson Piquet, Niki Lauda (1949-2019), Jackie Stewart e Jack Brabham (1926-2014), todos também donos de três títulos.
Para além de percepções subjetivas, como estilo de pilotagem e capacidade técnica, nas medidas com as quais é possível compará-lo com essas lendas, Verstappen se destaca.
Em uma temporada na qual venceu 13 das 16 etapas disputadas até aqui, ele chegou à quinta posição no ranking dos pilotos com mais vitórias na F1. São 48 no total, número com o qual ele aparece em quinto no ranking histórico, à frente de Senna, de quem abriu vantagem nesta temporada. O brasileiro teve 41 –entre aqueles que são “apenas” tricampeões, ele está à frente de todos.
Na média, o holandês ganhou 26,82% das corridas que disputou, enquanto Senna triunfou em 25,47%, uma ligeira diferença, mas que engrandece a jornada do mais novo tricampeão por colocá-lo à frente de alguém que, indiscutivelmente, foi um dos maiores de todos os tempos.
Aqui, no entanto, é importante destacar que o brasileiro foi contemporâneo de outras lendas, numa época em que domínios na F1 como o atualmente eram mais difíceis. Enquanto Sérgio Pérez, competindo com o mesmo carro que Max, não consegue desafiar o seu companheiro de equipe, Senna teve rivais até mesmo em sua própria escuderia, como na McLaren, travando disputas emocionantes com Alain Prost.
Pérez ensaiou fazer algo parecido no começo deste ano, quando ele e Verstappen se alternaram no topo do pódio nas primeiras quatro corridas –o holandês venceu na abertura do Mundial, no Bahrein, e ganhou a terceira etapa, na Austrália, e o mexicano triunfou na Arábia Saudita e depois no Azerbaijão.
Depois disso, porém, foram dez vitórias consecutivas do tricampeão, num período em que rivais e chefes de outras equipes chegaram a dizer que ele disputava um campeonato à parte.
O período também coincidiu com uma perda engajamento da F1 nas redes sociais. Segundo recente pesquisa divulgada pela Buzz Radar, empresa britânica de inteligência social, a menções à categoria nas redes sociais caíram 70% nos cinco primeiros meses em comparação com o mesmo período de 2022.
O relatório da empresa aponta que palavras como “chata” e “chato” estão se tornando descrições sobre o Mundial com mais frequência, substituindo palavras positivas como “interessante” e “emocionante”, mais comuns ao longo das temporadas de 2022 e 2021.
De fato, foram anos melhores em termos de competitividade. No ano em que conquistou o primeiro título, Verstappen travou uma disputa com o inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, até a volta final da corrida que fechou a temporada, em Abu Dhabi.
Verstappen passa Hamilton na última volta e conquista seu primeiro título na F1 Em 2022, já sob o novo regulamento dos carros da F1, a Ferrari chegou a desafiar o domínio da Red Bull, com Charles Leclerc abrindo 46 pontos para Verstappen na classificação, mas o holandês conseguiu se recuperar para levar o bi.
Em mais de 70 anos de história da principal categoria do automobilismo, nunca um piloto que estava tão distante do primeiro colocado havia sido campeão –o holandês não só conseguiu o feito inédito, como o fez com quatro etapas de antecedência.
Verstappen vence GP do Japão e é bicampeão da F1 em temporada incontestável Desta vez, ele terá ainda mais tempo para “passear” com seu carro. Depois do Qatar, mais cinco corridas vão completar o calendário, com os GPs dos Estados Unidos, México, Brasil, Las Vegas (EUA) e Abu Dhabi.
Nem mesmo o campeonato de construtores estará aberto, pois a Red Bull garantiu o primeiro lugar com ainda mais tempo de antecedência, na última etapa, disputada no Japão.
Como nem a equipe austríaca nem o holandês dão demonstrações de queda no apetite por vitórias, Max Verstappen deve continuar sua escalada até o topo dos maiores campeões da F1. Agora, somente cinco pilotos têm mais títulos que ele: Michael Schumacher e Lewis Hamilton (7 cada), Juan Manuel Fangio (5) e Alain Prost e Sebastian Vettel (4 cada).
Apenas Fangio, Schumacher, Vettel e Hamilton conquistaram três ou mais campeonatos consecutivos, um feito agora também alcançado por Verstappen.