Queda anunciada: Botafogo erra dentro e fora de campo e vai sofrer na Série B

Há poucas certezas sobre o Brasileirão 2020, que adentrou 2021 em função da pandemia do novo coronavírus. Dentre elas, uma se confirmou na noite de sexta-feira, com o rebaixamento do Botafogo à Série B. Um dos clubes mais tradicionais do País, conhecido mundo afora por ter lançado Garrincha e tantos outros, o time carioca fez um Campeonato Brasileiro sofrível, que nada refletiu sua história gloriosa. Assim, caiu pela terceira vez em menos de duas décadas e terá que encarar agora uma temporada que promete ser ainda mais difícil.

Talvez apenas o botafoguense mais apaixonado ainda nutrisse a esperança de que o clube se livraria de mais um descenso, mas os insucessos mostrados a cada rodada iam justamente na posição contrária. Com apenas duas vitórias em casa, o time é o pior mandante da competição. O último triunfo no Engenhão aconteceu há mais de quatro meses, quando o time superou o Palmeiras por 2 a 1 em partida válida ainda pelo primeiro turno.

Até o jogo que sacramentou seu rebaixamento, aliás, o Botafogo saiu vitorioso em apenas quatro partidas. Para se ter uma ideia de como uma campanha assim afasta qualquer possibilidade de permanência na Série A, a equipe de General Severiano precisaria empatar todos os outros 34 jogos da competição para atingir a marca de 46 pontos, historicamente a pontuação que afasta qualquer risco de rebaixamento. Em vez disso, saiu de campo derrotado 18 vezes.

A campanha sofrível, claro, foi fruto de mais um ano conturbado, marcado por contratações no mínimo questionáveis, troca frequente de técnicos e uma crise financeira assustadora, que deverá dificultar muito a vida do time na próxima edição da Série B. E o multicampeão Cruzeiro, rebaixado em 2019 e que não conseguiu seu acesso na atual temporada, está aí para comprovar.

Apesar de passar por uma crise financeira sem precedentes, o clube carioca contratou nada menos do que 25 jogadores para 2020. À exceção do gol, todos os outros setores do time receberam atletas. Entre eles estava o japonês Keisuke Honda, que acabou rompendo contrato no fim do ano passado.

Além do japonês, outros atletas deixaram a equipe ao longo da competição. Teve quem saiu por negociação que rendeu dinheiro ao clube, teve quem simplesmente rescindiu contrato e teve quem foi afastado por indisciplina. Dessa forma, era difícil o torcedor – e principalmente o técnico – saber qual time seria escalado na rodada seguinte.

Treinador, aliás, foi outra inconstância no Botafogo. O time teve nada menos do que cinco técnicos no ano – sete, se considerados os interinos que permaneceram entre uma troca e outra. O clube começou 2020 com Alberto Valentim e trocou por Paulo Autuori, que por sua vez foi sucedido por Bruno Lazaroni. Na sequência, contratou o argentino Ramón Diaz, que “esteve” técnico do Botafogo por apenas 18 dias – ele passou por uma cirurgia na semana em que foi apresentado e acabou demitido devido à “demora” em voltar à ativa. Por fim, assumiu Eduardo Barroca.

As mudanças frequentes de comando técnico e de jogadores, os atrasos salariais e a iminência de rebaixamento fizeram com que as atuações do time fossem cada vez menos promissoras. Já foi dito que “bons times vencem jogos e bons elencos vencem campeonatos”. Ao Botafogo, faltou os dois.

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