Um mês depois, rim de porco em corpo humano continua sendo um sucesso

Ao fim de 32 dias desde que foi transplantado para um corpo humano, um rim de porco modificado geneticamente continua funcionando corretamente.

Trata-se de um procedimento experimental, em que o rim foi colocado no corpo de Maurice Miller, de 57 anos, que está em morte cerebral,  disse um médico responsável esta quarta-feira, citado pela agência Associated Press (AP).

“Este órgão realmente vai funcionar como um órgão humano? Até agora, parece que sim”, disse Robert Montgomery, diretor do Instituto de Transplante Langone, da Universidade de Nova Iorque. Trata-se de mais um passo numa ‘corrida’ para conseguir aproveitar órgãos de outros animais para salvar a vida de seres humanos.

A experiência não acabou, no entanto, aqui, esperando a equipe responsável pelo transplante pelos resultados que as próximas semanas trarão. Até aqui, em várias outras situações semelhantes, os órgãos animais transplantados acabavam por ser quase sempre rejeitados pelo corpo ao fim de alguns dias.

“Até parece ainda melhor que um rim humano”, disse Montgomery, em 14 de julho, quando substituía os rins de Miller, que foi colocado em suporte de vida após a família ter doado o corpo à investigação científica, por um único rim de um porco, geneticamente modificado, que começou imediatamente a produzir urina.

O médico explicou que “este trabalho demonstra que um rim de porco – com apenas uma modificação genética e sem medicamentos ou dispositivos experimentais – pode substituir a função de um rim humano durante pelo menos 32 dias sem ser rejeitado”.

Segundo a AP, mais de 100 mil pacientes aguardam um transplante nos Estados Unidos, morrendo todos os anos milhares de pessoas que não conseguem um a tempo.

A irmã de Maurice Miller, Mary Miller-Duffy, reconheceu que doar o corpo foi “uma decisão muito difícil de tomar”, mas considerou que ele teria “ficado orgulhoso de ajudar a vida de muitas pessoas” com a sua morte.

Os transplantes de órgãos de animais para humanos visam solucionar a escassez de doações de órgãos, sendo os Estados Unido um país com dezenas de milhares de pacientes na lista de espera para transplantes.

A instituição de Nova York realizou o primeiro transplante mundial de um rim de porco para um ser humano em setembro de 2021, antes de uma equipa da Universidade de Maryland, também nos Estados Unidos, ter realizado o primeiro transplante de coração de porco em 07 de janeiro de 2022, com o homem, então com 57 anos, a morrer em 09 de março de 2022.