SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Volkswagen anunciou neste domingo (23) que desistiu de suspender temporariamente os contratos de trabalho de 800 funcionários na fábrica em Taubaté (SP). O motivo, segundo nota enviada pela empresa, é o bom desempenho das vendas do Polo.
A montadora daria início a um lay-off na unidade de Taubaté a partir de 1º de agosto. Neste modelo, os contratos são suspensos de forma temporária e os trabalhadores têm parte dos salários pagos pela empresa, além de ajuda do governo federal. A parada seria de cinco meses.
“Em razão do desempenho positivo do modelo Polo, a Volkswagen do Brasil decidiu ajustar as medidas de flexibilidade para a fábrica de Taubaté (SP), cancelando o lay-off previsto para iniciar em 1º de agosto, com duração de dois meses para um turno de produção, e aplicando férias coletivas de dez dias para os dois turnos da unidade, iniciando em 31/7”, diz nota.
Segundo o Sindimetau (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região), agora, serão aplicados apenas dez dias de férias coletivas na fábrica a partir de 31 de julho. “Essa é mais uma ferramenta de flexibilidade que inibe qualquer tipo de demissão”, afirma Aldrey Candido, o Piu, secretário-geral do sindicato.
O acordo coletivo dos trabalhadores com a montadora em Taubaté prevê estabilidade nos empregos até 2025. A fábrica tem hoje 3.100 funcionários e produz o Polo Track. Também está prevista a montagem de um novo SUV compacto a partir de 2025.
Em nota, o sindicato avalia que o setor automotivo vem sofrendo o impacto da taxa de juros, mantida em 13,75% ao ano pelo Banco Central. “A taxa Selic de 13,75% encarece os financiamentos em um mercado onde a maioria das vendas é feita de forma parcelada. Com isso, as montadoras têm feito uma série de paralisações nas linhas de montagem para adequar os estoques à demanda do mercado”, diz a entidade.
No Paraná, a Volkswagen diz que está mantido o lay-off. Já as unidades do ABC e São Carlos (SP) permanecem com funcionamento normal. “A fábrica de São José dos Pinhais (PR) segue com um turno em layoff desde 5 de junho. As unidades Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), e São Carlos (SP – motores) estão operando normalmente”, afirma o texto.
A medida havia sido anunciada há cerca de uma semana, pouco depois do fim do programa de subsídio para venda de carros do governo federal. De acordo com a montadora, a flexibilização de contratos está prevista em acordo coletivo firmado entre o sindicato e funcionários.
De janeiro a junho, o Volkswagen Polo acumula vendas de 37,7 mil unidades, ocupando a segunda posição do segmento de automóveis, segundo dados da Fenabrave (Fenabrave Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores). O modelo é o segundo mais vendido no acumulado do ano no segmento, atrás do Onix, da General Motors, que teve emplacamentos de 44,1 mil unidades.
A fábrica de Taubaté é responsável pela produção do Polo Track e do Novo Polo. O veículo foi um dos poucos a registrar alta nas vendas em seu segmento entre os meses de abril e maio, com crescimento de 25,9% sobre abril.
A venda de veículos novos teve queda depois do anúncio do programa do governo, enquanto não se sabia detalhes. Os emplacamentos caíram cerca de 30% de 25 a 30 de maio, na comparação com o mesmo período de abril, segundo dados obtidos pela Folha de S.Paulo.
COMO FUNCIONA O LAY-OFF
O lay-off é uma suspensão temporária dos contratos de trabalho, prevista na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Neste tipo de ação, que só pode ser acionada em momentos de crise econômica no setor, os trabalhadores ficam em casa e têm seus salários custeados parte pela empresa, parte pelo governo.
Além disso, o lay-off precisa ser aprovado em assembleia de trabalhadores, em negociação com os funcionários, o sindicato e a empresa. A medida pode ser aplicada por período que vai de dois a cinco meses.
Durante o período, os trabalhadores mantêm benefícios como plano de saúde e devem participar de cursos custeados pela empresa ou com apoio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
PRODUÇÃO DE CARROS TEM MAIOR ALTA EM NOVE MESES
Após dois meses em baixa, a produção industrial de veículos automotores, reboques e carrocerias cresceu 7,4% entre maio e abril deste ano, segundo os dados mais recentes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a maior alta do setor em nove meses, desde agosto de 2022, quando foi de 13,2%. O resultado está ligado à volta da produção nas montadoras, com o fim da pandemia de Covid-19 e à ao programa federal de descontos para a compra de carros populares.