Tiago Leifert se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter no início desta semana após se posicionar sobre a morte de Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras de 23 anos atingida no pescoço por estilhaços de uma garrafa antes da partida com o Flamengo, no sábado, no Allianz Parque. Para o apresentador, a palmeirense “assumiu o risco” pelo fato de ser membro de uma torcida organizada.
Leifert comentou sobre o assunto pela primeira vez durante uma transmissão ao vivo no canal “Canal 3 na Área”, pela manhã, no YouTube, poucas horas após a confirmação da morte de Gabriela. Ao lamentar o caso, o apresentador disse equivocadamente que a torcedora foi atingida durante um confronto entre palmeirenses e flamenguistas na Rua Palestra Itália. A briga à qual ele se refere, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), aconteceu na Rua Caraibas, já durante a partida. A torcedora foi atingida antes mesmo de a bola rolar, por volta das 18h20.
O apresentador reconheceu o erro e foi às redes sociais fazer um mea culpa pela desinformação por meio de um vídeo. No entanto, Leifert afirmou que pelo fato de Gabriela ser membro de uma torcida uniformizada, a Mancha Alvi Verde, ela “assumiu um risco”. Ele aproveitou a oportunidade e citou também a necessidade de um debate sobre o papel das uniformizadas no País.
“Cometi um erro baseado nos relatos de Polícia Militar e imprensa, mas a gente já tem mais detalhes sobre o que aconteceu. Eu tinha dito que a torcedora que foi assassinada estava no confronto do portão A, mas ela estava próxima ao portão B, o visitante. Então peço desculpas”, disse.
“Porém, a gente precisa conversar sobre o que está acontecendo nos estádios. Eu não estava espalhando fake news. Ela era de uma organizada. Não muda o fato, mesmo se ela estivesse no portão B provocando. Mas, hoje, quem é de torcida organizada assume um risco. Todas as tragédias que acontecem são de organizada e é isso que precisa ser discutido. Por que as organizadas estão por aí e, em um dia como hoje, meu erro de informação é tão mais importante do que um confronto de organizada. Estou há semanas dizendo que alguém vai morrer e esse problema ninguém discute”, completou.
A morte de Gabriela Anelli foi confirmada pelo irmão da palmeirense na segunda-feira. Ela estava internada desde sábado em estado grave no Hospital Santa Casa, no centro da cidade, mas não resistiu aos ferimentos. Os familiares da torcedora chegaram a fazer uma campanha na redes por doações de sangue para ajudá-la.
De acordo com informações da SSP, Gabriela foi ferida em confusão nas proximidades do portão C, na rua Padre Antônio Tomas, perto da entrada de visitante. Havia uma divisão de metal separando as torcidas e os flamenguistas jogaram garrafas e pedras por cima dessa proteção. Uma outra briga entre palmeirenses e flamenguistas, na Rua Caraibas, foi contida com a ação da Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral e gás de pimenta. A partida precisou ser paralisada por duas vezes porque jogadores e torcedores nas arquibancadas ficaram com os olhos irritados.
César Saad, titular da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), informou que o suspeito de cometer o crime foi identificado como Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos. Ele declarou ser membro de uma organizada do Flamengo, mas teria ido ver o jogo sozinho. Segundo o delegado, o suspeito teve o flagrante convertido em prisão preventiva pela Justiça e vai responder por homicídio doloso consumado.
Foi a oitava morte de torcedor no futebol brasileiro em 2023. Os quatro grandes clubes do futebol paulista, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos, divulgaram nota oficial conjunta pedindo o “fim da impunidade a criminosos” de torcidas e cobrando das autoridades atitudes mais firmes para “restaurar a paz no futebol”.