‘Ela estava confusa e abatida’, diz ativista sobre brasileira que desapareceu por 15 dias em Paris

TOULOUSE, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Foi o zelador do prédio onde a brasileira Fernanda Santos Oliveira mora há menos de um ano no bairro de Batignolles, noroeste de Paris, que avisou a polícia que ela havia voltado ao endereço nesta segunda-feira (22), depois de 15 dias desaparecida.

Seu retorno, no entanto, não encerrou o mistério desses 15 dias de ausência, ao longo dos quais autoridades e grupos de voluntários se mobilizaram nas ruas e em redes sociais na busca por Fernanda, sem sucesso.

Ao chegar ao edifício onde Fernanda morava, a polícia a encontrou em um apartamento que não era o dela e constatou que ela não estava bem. “Ela parecia fraca e se recusava a se comunicar. Por isso, ela foi levada à unidade médico-judicial para um exame comportamental”, disse uma fonte policial ao jornal Le Figaro. Nesta terça (23), Fernanda foi internada compulsoriamente em uma instituição psiquiátrica de Paris.

Nellma Barreto, presidente do coletivo Mulheres na Resistência/Femmes de la Résistance, que espalhou cartazes com fotografias de Fernanda pela cidade e a visitou no hospital na segunda, conta que a brasileira estava “confusa, um pouco desorientada e muito abatida”.

“Ela também tinha os pés muito machucados. Mesmo tendo desaparecido há tão pouco tempo, eu não a reconheceria se a visse na rua”, afirmou.

“Disse que estava cansada, trabalhava muitas horas por dia e estava com problemas pessoais. Mas seus relatos são vagos. E ela tem poucas lembranças desses dias em que esteve fora.”

Segundo Barreto, Fernanda disse que, depois de caminhar muito, se refugiou em uma casa abandonada nos arredores de Paris. “Ela não se lembra de ter comido ou bebido nada em todos esses dias, apesar de termos a informação de que seu cartão de crédito foi usado no dia 16”, diz.

Na semana passada, a polícia foi informada de que uma pessoa com características físicas de Fernanda havia sido vista em um trem, em Melun, cidade a 50 quilômetros ao sudeste de Paris. “Fizemos buscas por lá durante todo o final de semana, mas ela só reapareceu em casa e na segunda-feira”, conta Barreto.

Segundo informações do Consulado-Geral do Brasil em Paris, Fernanda passou pelo Hospital Hôtel-Dieu, no centro, e depois pela Enfermaria Psiquiátrica da Prefeitura de Polícia, que determinou sua internação no Centro Hospitalar Sainte-Anne, a maior instituição de cuidados psiquiátricos da capital francesa.

“O Consulado-Geral do Brasil em Paris permanece em contato com as autoridades francesas envolvidas, de forma a transmitir à família todas as informações disponíveis”, afirma a nota. “Ressalte-se que o sigilo médico na França em casos de internação hospitalar, em particular de ordem psiquiátrica, é extremamente rigoroso.”

Fernanda é originária de Botucatu, no interior de São Paulo, e tem um filho e dois netos. A brasileira de 44 anos trabalhava num restaurante na capital francesa e mantinha contatos diários com familiares.

Sua irmã, Maria Aparecida Santos de Oliveira, 53, diz não acreditar que ela tenha tido algum tipo de surto. “Estão fazendo exames nela e não deram resultado nenhum à família. Eu não acredito em surto. Só se houver prova disso”, afirma.

Segundo ela, a família está sem recursos para ir à França acompanhar o caso presencialmente.

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