SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Recente relatório do Instituto Reuters, ligado à Universidade de Oxford (Reino Unido), mostra que mulheres e homens consomem notícias e interagem com elas de forma diferente. No pano de fundo estão fatores já conhecidos, como a dupla jornada de trabalho e a violência de gênero.
O documento, que tem como base pesquisa mais ampla do instituto, o Digital News Report 2020, analisa a audiência de 11 países: África do Sul, Alemanha, Brasil, Coréia do Sul, Finlândia, Estados Unidos, Hong Kong, Japão, México, Quênia e Reino Unido.
Em todas as regiões, homens tendem mais a se dizer extremamente ou muito interessados em notícias do que mulheres. O Brasil é o único país com diferença pouco significativa: apenas 4 pontos percentuais separam o contingente de brasileiros mais interessados em notícias do de brasileiras. No Reino Unido, essa diferença é de 10 pontos, e na Finlândia, 18.
O tema de interesse também muda. Quando a pauta é saúde ou educação, são elas as mais interessadas.
Já quanto o assunto é o noticiário político, são os homens quem se dizem mais interessados. Em quase todos os países, a diferença entre homens e mulheres que acompanham o tema com frequência ultrapassa 10 pontos percentuais.
O cenário pode variar mais ou menos de acordo com região mas, segundo aponta o documento, fica evidente que a sobrecarga de trabalho, que torna escasso o tempo livre das mulheres, diminui o interesse delas pelo noticiário, em especial por matérias que abordem temas negativos.
A pandemia evidenciou o quadro. “Mesmo antes, as mulheres faziam quase três vezes mais o trabalho doméstico não pago do que os homens e, em 2020, já que as escolas e creches fecharam, elas se viram tendo que lidar com ainda mais responsabilidades em casa”, diz um trecho do relatório.
Como usualmente acessam as notícias enquanto fazem outras coisas, em quase todos os países analisados, as mulheres são mais propensas que os homens a acompanhar o noticiário pela TV ou pelo rádio.
O relatório abarca ainda a tendência de comentar notícias na internet (como em sites ou nas redes sociais) ou no tête-à-tête, pessoalmente. Homens tendem mais ao primeiro caso, enquanto mulheres privilegiam o segundo.
Parte da justificativa está nos ataques e assédios virtuais direcionados a elas. De acordo com o documento, há um padrão claro: os homens são mais atacados nas redes por suas opiniões políticas, e as mulheres, pelo gênero. O ambiente hostil, diz o relatório, inibe a discussão política para elas nas redes.
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