BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio à insatisfação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a atuação do Banco Central na condução da política de juros, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) estuda indicar o secretário-executivo da pasta econômica, Gabriel Galípolo, para uma das vagas na diretoria da autoridade monetária.
A escolha deixaria aberta a possibilidade de Galípolo futuramente assumir o lugar do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra em dezembro de 2024.
Mesmo que não seja indicado agora, há a possibilidade de seu nome ser apresentado ao Congresso em dezembro de 2023, quando duas novas cadeiras da diretoria ficarão vagas.
Galípolo é um dos auxiliares mais próximos de Haddad e já era ouvido por Lula nas questões econômicas desde o período pré-campanha eleitoral.
Uma de suas primeiras aparições se deu ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que o levou para um jantar com empresários em abril de 2022. Na ocasião, sua fala em defesa do diálogo entre governo e mercado foi bem recebida.
Hoje, Galípolo ajuda a conduzir todas as discussões estratégicas do Ministério da Fazenda e esteve diretamente envolvido na elaboração do novo arcabouço fiscal e nos pacotes de medidas para reequilibrar as contas públicas.
O primeiro anúncio de medidas, ainda em janeiro, foi classificado por Haddad como uma “carta para o Banco Central”. A equipe econômica tem a expectativa de que as propostas na área fiscal abram espaço para o BC cortar a taxa de juros -fixada atualmente em 13,75% ao ano.
Nesta quinta-feira (4), Lula voltou a fazer críticas à maneira como é feita a discussão sobre juros no Brasil e mandou novo recado a Campos Neto. O chefe do Executivo disse que “todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros”. “Como se um homem sozinho pudesse saber mais que a cabeça de 220 milhões de pessoas”, acrescentou.
Sem ter participado das discussões, o atual presidente do BC defendeu publicamente que os futuros escolhidos tenham conhecimentos técnicos para os cargos que irão ocupar e que seja feita uma transição suave, embora tenha reiterado que a indicação é uma prerrogativa de Lula.
Conforme a lei da autonomia do BC, aprovada em 2021, cabe ao presidente da República a indicação dos nomes dos diretores. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os nomes são, então, levados ao plenário para aprovação.
Na última terça-feira (2), Haddad disse que a definição dos nomes escolhidos para a autoridade monetária deveria sair ainda nesta semana. Há hoje duas vagas em aberto na diretoria do BC, nas áreas de Política Monetária e Fiscalização.
Para a primeira delas, o governo chegou a cotar em março o nome de Rodolfo Fróes. No entanto, a exposição precoce do nome do administrador, que trabalhou no Bank of America, foi sócio do trio da Americanas e membro do conselho do Banco Fator, fez com que o governo reconsiderasse a escolha.
A cadeira na diretoria de Política Monetária está vaga desde a saída de Bruno Serra Fernandes, em 27 de março, quase um mês após o término do seu mandato.
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