Não existe exemplo melhor para mostrar como o bem que a gente faz sempre retorna de alguma forma. E, nesse caso, o bem praticado pelo professor Marcos Araújo lá em 2010, com um estudante que ele nem conhecia, retornou no momento em que ele mais precisava.
Ao ser internado com a Covid-19, o professor passou 20 dias no Hospital de Campanha de Goiânia e teve comprometimento de 80% dos pulmões.
No hospital, ele descobriu que seria acompanhado pelo médico Wallace Pinheiro, o mesmo a quem lá em 2010 ele deu uma bolsa de estudos no seu cursinho pré-vestibular. Era a lei da recompensa agindo.
“No início, eu não acreditei que fosse o Wallace, eu acreditei que fosse um anjo. Um anjo na forma do Wallace. Como se Deus tivesse me mandado um anjo, e o anjo fosse aquele menino que eu tanto confiava”, disse Marcos.
“Na hora eu nem pensei que poderia ser ele. A gente nunca pensa que o pior está acontecendo com alguém que a gente gosta. Eu parei e falei: ‘Deus, me ajuda. Me ajuda a salvar a vida do Marcos’. Era a grande chance que eu tinha de retribuir o que ele me deu“, contou o médico.
“Quero ser médico para salvar vidas”
A história parece mesmo um roteiro escrito para entrelaçar a vida de professor e aluno através do bem.
Wallace é da cidade de Trindade, na região metropolitana de Goiânia, filho de um policial militar e de uma empregada doméstica.
Quando chegou à capital, ele buscou estudar, mas não conseguia apoio. Aí, ele chegou para o Marcos, que era diretor de um cursinho, e disse: “Meu grande sonho é ser médico, mas está difícil, porque eu venho de escola pública, eu tenho pouca base, mas eu tenho muita força de vontade”.
O professor se interessou pela história do menino e decidiu ajudar. “Aí eu perguntei: ‘Wallace, para que você quer ser médico?’. E ele respondeu uma coisa que eu me arrepio até hoje: ‘Para salvar vidas’”, contou. O garoto foi aprovado simplesmente em seis vestibulares de medicina.
E essa promessa feita lá atrás, que comoveu o professor, se cumpriu. Wallace hoje salva muitas vidas, e salvou a de Marcos também.
“Ele conversou comigo e disse: ‘Você se lembra que eu falei que, como médico, iria salvar muitas vidas? Então, eu vim salvar a sua’. Aquilo, naquele momento, me encheu de esperança e eu pensei que ia vencer, não ia entregar os pontos”, disse Marcos.
E assim foi! O professor foi tratado na unidade hospitalar, conseguiu se recuperar e recebeu alta médica em outubro.
“A lei do retorno vem mesmo. Eu jamais imaginaria que aquele menino, aquele garotinho, um dia pudesse ser responsável pela minha vida. A minha vida esteve na mão dele e, graças a Deus no céu e o Wallace aqui na terra, eles conseguiram manter a minha vida”, disse o professor.
Fonte: G1
EDUCAÇÃO – Razões para Acreditar