LUCAS LACERDA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A passagem do cometa C/2022 E3 (ZTF) poderá ser acompanhada a partir deste fim de semana no Brasil. Com as condições favoráveis e algumas técnicas, será possível até enxergar o corpo celeste a olho nu, embora seu brilho esteja no limite do que o olho humano consegue captar.
Para facilitar a observação, é possível usar binóculos, telescópios amadores e até foto de celular, se o aparelho oferecer a opção de longa exposição.
O corpo tem sido chamado de ‘cometa verde’ por causa da predominância de um tipo de gás em seu núcleo.
Seu nome oficial, contudo, é C/2022 E3 (ZTF), porque foi descoberto em março de 2022, na órbita de Júpiter, pelo programa Zwicky Transient Facility (ZTF), do Observatório Palomar, nos Estados Unidos. Saiba como acompanhar esta que pode ser sua última visita.
POR QUE O COMETA É VERDE?
Segundo Filipe Ribeiro, astrônomo e pós-doutor do Observatório Nacional, a coloração dos cometas varia de acordo com os gases predominantes em seu núcleo. Quando essas moléculas de gás interagem com a radiação solar, produzem diferentes tipos de fluorescência. No caso do visitante,
VAI SER POSSÍVEL ACOMPANHAR O COMETA?
Ribeiro explica que será possível ver o cometa de todas as regiões do Brasil. “Ele começou a ficar visível entre os dias 1º e 2 de fevereiro, mas com estava muito baixo”, afirma o astrônomo. No sábado (4) e no domingo (5), a visibilidade aumenta, porque ele deve aparecer mais alto céu. Entre 10 e 12 de fevereiro, o cometa estará no alto e perto de Marte.
COMO VER O COMETA VERDE?
É possível ver o cometa a olho nu, mas binóculos ou telescópios amadores ajudam bastante. Nas noites deste fim de semana, é preciso estar virado para o norte, o que pode ser ajudado com um aplicativo com bússola, e procurar, a uma altura de cerca de 30 graus, a estrela Capela, segundo Ribeiro.
Nos dias seguintes, o cometa vai ser visto cada vez mais alto e com mais visibilidade. É preciso, olhando para o norte, olhar para cima a uma altura de 50 graus ou 60 graus e procurar pelo planeta Marte. Localizando o ponto vermelho, é possível procurar e identificar o cometa. O astrônomo diz que o melhor período é entre 19h e 23h.
E SE NÃO HOUVER TELESCÓPIO OU BINÓCULO POR PERTO?
Ao identificar o local do cometa, outra ferramenta pode ajudar. “Pode-se usar uma câmera fotográfica, pode ser de celular, que tenha capacidade de fazer fotografia de longa exposição”, diz Ribeiro.
Com exposições de dez, 15 ou 30 segundos, é possível identificar o cometa na imagem final, mas é importante manter o celular parado durante a captura.
Se a observação não der certo, haverá uma transmissão do Observatório Nacional em 11 de fevereiro, no canal da instituição no Youtube.
ELE VOLTA A PASSAR PERTO DA TERRA?
Com órbitas classificadas como excêntricas, diferentes da do planeta Terra, por exemplo, cometas demoram a retornar a locais por onde já passaram. Se o cometa ‘verde’ já passou perto do nosso planeta, estima-se que deve ter sido há cerca de 50 mil anos. Por essa mesma razão, esta pode ser a última visita, porque ele pode já estar fora da órbita do sol.
DO QUE É FEITO O COMETA?
Cometas são massas de gelo e rocha que, ao se aproximar do Sol, produzem uma cauda, com a sublimação do material volátil em sua superfície. Segundo Ribeiro, nosso sistema solar tem uma espécie de reservatório de cometas, que é a estrela Oort, localizada provavelmente a 1,87 ano-luz da Terra.
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