Onda de descobertas de documentos sigilosos nos EUA atinge Mike Pence

(FOLHAPRESS) – Mike Pence, vice-presidente dos Estados Unidos na gestão de Donald Trump, é o mais recente envolvido na série de controvérsias envolvendo documentos sigilosos do país. Um advogado do republicano descobriu cerca de uma dúzia de arquivos secretos na casa do ex-vice em Carmel, no estado de Indiana, e os entregou ao FBI, a polícia federal americana. A informação foi antecipada pela rede CNN.

A busca se deu depois que arquivos do tipo foram encontrados em um escritório particular e na residência do presidente Joe Biden -todos do tempo em que ele foi vice de Barack Obama-, o que suscitou comparações com investigações semelhantes que miram Trump. A nova descoberta, porém, ganha peso porque Pence vinha dizendo repetidamente que não tinha nenhum documento confidencial em sua posse.

Ainda não há clareza sobre os assuntos e a sensibilidade dos materiais encontrados. De acordo com a agência de notícias Reuters, a equipe de Pence, liderada pelo advogado Greg Jacob, notificou os Arquivos Nacionais, a quem cabe administrar esse tipo de papéis, em duas cartas. A primeira, no dia 18, informou a existência dos documentos; a segunda, quatro dias depois, o recolhimento deles pelo FBI, feito já na manhã do dia 19.

A busca no imóvel atendeu a um pedido do próprio Pence, “por excesso de zêlo”, como definiu o advogado nas mensagens, a que a Reuters teve acesso. Jacob acrescentou que o político guardou os papéis em um cofre até a chegada dos agentes da polícia federal americana e que ninguém da equipe os leu. O material sigiloso era parte de documentos encontrados em quatro caixas na casa do ex-vice.

Segundo a CNN, a equipe do republicano planeja notificar o Congresso dos EUA sobre o caso ainda nesta terça-feira (24). Os Arquivos Nacionais informaram o Departamento de Justiça.

Segundo a carta de Jacob aos Arquivos Nacionais, Pence não sabia da existência de documentos confidenciais em sua casa e “entende a grande importância de proteger” o material e cooperar com a investigação.

A série de descobertas levou a uma troca de farpas entre democratas e republicanos, com a oposição acusando Biden de hipocrisia por ter criticado Trump também tendo documentos confidenciais em sua posse. Nesta terça, o senador republicano Lindsey Graham, aliado do ex-presidente, afirmou não acreditar que nenhum dos envolvidos nos casos tentou comprometer a segurança nacional de forma intencional.

“Mas claramente há um problema, talvez estejamos impondo sigilo a coisas demais. O que começou como um problema para os republicanos agora se tornou uma questão para a segurança nacional”, disse.

No caso de Trump, várias centenas de documentos sigilosos do governo, além de milhares de outros papéis e fotos não confidenciais, foram parar em seu clube e residência na Flórida, em Mar-a-Lago, depois de ele deixar a Presidência. Alguns estavam em caixas, no armário de um depósito trancado, e o FBI achou outros no escritório de Trump, incluindo em sua mesa de trabalho, segundo documentos judiciais.

No caso de Biden, algo que a administração descreveu como “um pequeno número de documentos marcados como sigilosos” foram encontrados num armário trancado na sala de um think tank de Washington, o Centro Penn Biden para Diplomacia e Engajamento Global. O político usou o espaço periodicamente depois de deixar a Vice-Presidência, em 2017, e antes de iniciar a campanha de 2020.

Uma revista subsequente na casa de Biden em Wilmington, no estado de Delaware, trouxe à tona outra leva de documentos, num espaço que segundo a Casa Branca é de armazenagem na garagem, além de um documento de uma página “entre materiais guardados numa sala adjacente”.

A descoberta de uma terceira leva também encontrada em Wilmington foi divulgada por advogados de Biden no último sábado (21). Foram encontrados seis papéis sigilosos, alguns dos quais do período em que o democrata foi senador e outros de seu período na Vice-Presidência.

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