Twitter suspende conta da embaixada da China nos EUA por defesa de política contra uigures

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Twitter informou nesta quinta-feira (21) que bloqueou a conta da embaixada chinesa nos Estados Unidos, após um tuíte afirmando que as mulheres uigures não eram mais “máquinas de fazer bebês” depois que suas mentes foram “emancipadas”.

Um porta-voz do Twitter disse à agência de notícias AFP que tomou medidas contra a publicação por “violar nossa política contra a desumanização”.

No dia 7 de janeiro, a conta da embaixada chinesa publicou que as mulheres uigures “foram emancipadas” e não eram mais “máquinas de fazer bebês”, citando um estudo relatado pelo jornal estatal China Daily –o texto dizia que “a erradicação do extremismo deu às mulheres de Xinjiang mais autonomia” sobre o tema de ter filhos.

O post foi removido pelo Twitter após uma onda de críticas na internet. A suspensão da conta, porém, veio um dia após o governo Trump, em suas horas finais, acusar a China de cometer genocídio em Xinjiang –visão compartilhada pela administração de Joe Biden.

A acusação não gera nenhuma penalidade automática, mas coloca pressão para que países e empresas deixem de fazer negócios na região, uma das maiores fornecedoras globais de algodão.

A China é criticada internacionalmente por manter uigures, minoria majoritariamente muçulmana, em enormes centros de detenção na região de Xinjiang.

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Em 2018, uma equipe da ONU recebeu denúncias de que ao menos 1 milhão de uigures e de outras minorias muçulmanas estavam detidas. Outro estudo, divulgado em setembro de 2020, aponta a existência de 380 campos de detenção.

Pequim nega as acusações de abusos e diz que os locais são espaços de reeducação, voltados a combater o extremismo e a ensinar novas habilidades.

Os uigures enfrentam, há três anos, uma campanha abrangente para transformá-los em seguidores do Partido Comunista, enfraquecer o compromisso deles com o islã e transferi-los de fazendas para fábricas.

Embora o Twitter seja bloqueado na China, foi adotado pela mídia estatal e por diplomatas que usam a plataforma para defender as posições de Pequim.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, disse nesta quinta que estava confusa com a ação do Twitter.

“Existem inúmeros relatórios e informações relacionados a Xinjiang que são contra a China. É responsabilidade da nossa embaixada nos EUA esclarecer a verdade”, afirmou.

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