(FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, iniciou conversas com agentes do mercado financeiro em busca de um novo nome para o cargo de diretor de política monetária. O mandato do atual titular, Bruno Serra Fernandes, termina em 28 de fevereiro.
Um dos nomes ventilados é o do economista Sandro Mazerino Sobral, head de mercados e trading do Santander Brasil. A sondagem foi divulgada pelo Valor Econômico e confirmada pela reportagem.
Segundo fontes do mercado financeiro, Campos Neto se reuniu com Sobral há cerca de um mês e uma nova conversa estava prevista após a montagem do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tomou posse no último domingo (1º).
“Ninguém foi convidado até agora”, diz o BC por meio de sua assessoria.
A decisão não cabe apenas a Campos Neto. Desde a aprovação da lei de autonomia da autarquia, em vigor a partir de fevereiro de 2021, a sugestão dos nomes indicados para o BC deve ser feita pelo presidente da República e passar pela aprovação do Senado.
Campos Neto diz ter tido uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para que o processo continue sendo conduzido “de uma forma suave e consensual”. Em 30 de dezembro de 2022, ele se reuniu pela primeira vez com o presidente Lula para tratar de “assuntos institucionais”, conforme agenda do chefe da autarquia.
“Mesmo no passado recente, todos os nomes, eu discutia com os diretores presentes da casa e alguns inclusive foram sugestões de outros diretores. Então, é um processo em que todo mundo discute”, afirmou o presidente do BC na divulgação do relatório trimestral de inflação, em dezembro.
“A gente tem uma parte dos diretores que são muito mais técnicos e ligados a áreas que precisam de ter uma continuidade de gestão maior. Espero que isso tudo seja levado em consideração”, complementou. Uma dessas áreas mais técnicas é a diretoria de Fiscalização, cujo titular, Paulo Souza, tem mandato também até 28 de fevereiro.
Na reta final da sua gestão, que teve início em 2019, Serra pediu transferência para São Paulo a partir de 2 de fevereiro. A mudança de sede foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) na última terça-feira (3).
Embora seu mandato esteja previsto para acabar no dia 28 do próximo mês, o diretor de política monetária pode ficar no posto até que seu substituto assuma a função depois de passar por sabatina no Senado. Serra poderia ser reconduzido por mais quatro anos no BC, mas deve voltar ao mercado financeiro.
Campos Neto, que tem mais dois anos no comando do BC, já antecipou que não aceitaria ser mantido na presidência da autarquia após 2024, quando termina o seu primeiro mandato.
“Acho que a recondução não é saudável, ela cria uma fragilidade no meio do mandato porque vai ter um presidente do Banco Central que vai estar interessado em ser reconduzido e fica exposto, naquele momento, à vontade do Executivo”, disse ele em evento promovido em agosto.
No cargo desde 2019, Campos Neto diz ter sido contra a possibilidade de recondução quando foi desenhada a lei de autonomia do BC. “Se tivesse dependido somente de mim, não teria recondução na lei de autonomia”, destacou.
A lei determina mandatos fixos de quatro anos ao presidente e aos diretores da autarquia, que podem ser renovados apenas uma vez e não são coincidentes com o do presidente da República.
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