SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Coreia do Sul mobilizou caças e helicópteros militares nesta segunda-feira (26) depois que vários drones norte-coreanos invadiram o espaço aéreo do país, de acordo com a agência de notícias Yonhap. Trata-se de mais um episódio da escalada das tensões entre os vizinhos nos últimos meses.
Ao menos cinco drones cruzaram a linha de demarcação que separa as duas Coreias, de acordo com o governo sul-coreano. Um dos equipamentos teria conseguido se aproximar da capital Seul.
Em comunicado, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul -grupo de chefes das Forças Armadas do país- definiu a manobra como um “ato claro de provocação” feito por Pyongyang. “Vários drones norte-coreanos invadiram nosso espaço aéreo na zona de fronteira, perto da província de Gyeonggi.”
Sem revelar detalhes, o oficial Lee Seung-o afirmou que os drones tinham cerca de dois metros de comprimento. Militares dispararam tiros de advertência, e o Exército sul-coreano não informou se os drones foram derrubados ou se retornaram para o lado norte-coreano. Segundo a Yonhap, militares sul-coreanos dispararam cerca de cem vezes contra os drones, mas não conseguiram abater nenhum.
Ainda segundo a agência, um caça sul-coreano teria caído durante a ação para interceptar os veículos na região de Hoengseong. Não há informações sobre vítimas, e as causas do incidente não estão claras.
Foi a primeira incursão de drones norte-coreanos no espaço aéreo da Coreia do Sul em cinco anos. Em resposta, as forças de Seul também enviaram seus próprios aparelhos, tripulados e não tripulados, para patrulhar a região de fronteira. Autoridades relataram que foram feitos voos de reconhecimento e que “instalações militares inimigas” foram monitoradas e fotografadas. “Nosso Exército seguirá respondendo de maneira determinada a tais provocações da Coreia do Norte”, comunicou o governo sul-coreano.
Voos civis partindo dos aeroportos internacionais de Gimpo e Incheon tiveram de ser suspensos por uma hora, a pedido dos militares, segundo o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul. Não há informações sobre a quantidade de passageiros impactados pela medida.
Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos em Seul, disse à agência de notícias AFP que esta foi a primeira vez que voos foram suspensos na Coreia do Sul pela ação de drones norte-coreanos. Segundo ele, os aparelhos provavelmente foram usados para espionagem.
“Levando em consideração o baixo nível de desenvolvimento dos drones norte-coreanos, há pouca possibilidade de que tenham capacidades de ataque próprias de armamento moderno”, disse.
O caso acontece em um momento de grande tensão entre as duas Coreias, após vários testes de armamentos feitos por Pyongyang nos últimos meses, incluindo a tentativa de lançamento de um míssil balístico intercontinental, que chegou a gerar um alerta de abrigo a habitantes do norte do Japão.
Após o disparo, os EUA moveram um de seus porta-aviões para perto da península coreana, numa demonstração de força contra Pyongyang. O país norte-americano também realizou exercícios militares conjuntos com as forças da Coreia do Sul. Ao menos 240 jatos participaram das atividades.
No mês passado, a Coreia do Sul acionou dezenas de aviões de guerra depois de detectar uma mobilização de 180 voos militares da Coreia da Norte na região.
O uso de drones pela Coreia do Norte é uma preocupação cada vez maior para Seul. Pyongyang nega ser responsável pelos aparelhos e acusa a Coreia do Sul de produzir provas falsas contra o país. A mídia estatal do país tampouco fez qualquer menção ao uso de drones na região de fronteira com a Coreia do Sul.
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