Aplicativos locais são opção de transporte em cidades menores

CALEBE SOUZA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Novos modelos de aplicativos para transporte de passageiros, sistemas de assinatura e a possibilidade de compartilhamento de veículos vêm se tornando cada vez mais comuns nas cidades brasileiras, ampliando as opções de mobilidade urbana.

Em cidades pequenas ou afastadas dos grandes centros, por exemplo, já são comuns empresas regionais que tomam emprestado e adaptam para a realidade local o modelo das gigantes Uber e 99 utilizado nas cidades maiores.

Entre elas está a Urbano Norte, que atua em cem cidades na região Norte e realiza, em média, 2,5 milhões de viagens por mês. Para efeito de comparação, a 99 atende 1.600 municípios e tem 20 milhões de usuários. Fundada em Porto Velho (RO) em 2018, a Urbano Norte planeja expandir a operação para cidades maiores, além de capitais de outros estados.

De acordo com Pascoal Cahulla, diretor de operações da empresa, a cobrança de uma taxa mensal é um dos pontos que a diferencia das concorrentes.

“Entregamos aos motoristas o melhor custo-benefício do mercado. O acesso à plataforma se dá com o pagamento de uma taxa mensal, na contramão do trabalho desenvolvido pelas multinacionais.”

As mensalidades pagas pelos motoristas variam de acordo com o local da operação, mas, Em média, começam entre R$ 100 e R$ 500. O valor das corridas é repassado integralmente ao motorista.

Atuando nas regiões Nordeste e Sudeste, a Ubiz Car está em 26 cidades de 7 estados, com média mensal de 200 mil passageiros. Seu foco são os municípios pequenos e médios. “Atualmente estamos em cidades com populações entre 60 mil e 250 mil habitantes, mas nossa expectativa é expandir para cidades maiores”, disse o co-CEO, Alécio Cavalcanti.

A empresa, que nasceu no Piauí, oferece ao passageiro a possibilidade de pedir um carro por meio de uma central telefônica ou por aplicativo.

Segundo a companhia, o motorista tem descontado de cada corrida um valor. A taxa varia de cidade para cidade e é calculada a partir de um estudo que analisa o custo do condutor em cada viagem. O passageiro pode o pagar diretamente com o motorista, com cartão, dinheiro ou Pix.

As concorrentes, Uber e 99 aceitam cartões de débito, crédito e carteiras digitais como forma de pagamento no aplicativo, incluído pagamento em dinheiro direto ao condutor. Quanto a municípios atendidos, a Uber está em 100 cidades em todo o país.

Além da regionalização, o mercado de aplicativos apresenta mudanças na forma de pagamento. A InDrive, por exemplo, surgiu na Rússia e chegou de forma discreta ao Brasil em 2018 para competir com Uber e 99.

Seu diferencial é a relação direta entre motorista e passageiro na hora de fechar o valor da viagem –quem pede um carro do aplicativo dá um “lance”, informando quanto gostaria de pagar pelo trajeto. O motorista pode fazer contrapropostas e tem mais autonomia –pode recusar corridas que não lhe forem vantajosas. O InDrive aceita dinheiro, Pix ou cartão.

Alexandre Donofreo, 42, é motorista de aplicativo há seis anos e há um ano e meio está na InDrive. “Fiquei por conta das taxas mais baixas cobradas por corrida, por volta de 10%, e pelo fato de poder escolher as viagens. Na madrugada, por exemplo, podemos dobrar o valor e fica a critério do passageiro escolher.”

Segundo Donofreo, em seis horas ele recebe o valor que levaria o dia inteiro na concorrência.

Além dos aplicativos de transporte, o modelo de assinatura de veículos se apresenta como alternativa ao carro próprio. Levantamento da Similarweb, plataforma de análise de dados de mercado, aponta que a busca por esse tipo de serviço cresceu 56,5% no início de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.

Naquele ano, houve 7 milhões de visitas a 152 sites especializados no serviço e, em 2021, 12 milhões. De olho nessa demanda, a Localiza criou, em setembro de 2021, o Meoo, serviço de assinatura no qual o cliente escolhe o carro, o período de permanência com o veículo ou ainda quanto pretende rodar por mês.

Para Glauco Zebral, diretor do Localiza Meoo, a boa aceitação dos consumidores marca uma mudança de hábito dos brasileiros. “Com esse modelo, basta o cliente assinar e o dinheiro que seria usado na compra do veículo pode ser investido em outro sonho”, diz.
Outro modelo já comum na Europa, mas que ainda está começando no Brasil, é o compartilhamento de veículos. A Velo-City opera no Rio de Janeiro e disponibiliza pelo aplicativo carros que ficam estacionados em condomínios ou vias públicas.

Atualmente a frota é composta por 20 carros, incluindo Onix, Jeep Renegade, C4 Cactus e um Mini Cooper elétrico. Os veículos têm seguro para avarias e danos de terceiros, cabendo ao motorista os custos da franquia. Para utilizar o carro é necessário fazer um cadastro e, em caso de aprovação, o veículo é liberado.

O valor inicial da locação do Onix, por exemplo, é de R$ 0,15 centavos o minuto em stand by ou R$ 0,95 com o motor ligado, incluindo o combustível. O Mini Cooper elétrico é o mais caro, com valor inicial de R$ 2,99 o minuto.

Se o cliente usar o Onix por quatro horas, pagará R$ 228; caso opte pelo Mini Cooper, R$ 645, em ambos os casos está incluso o combustível. A empresa planeja expandir a área de atuação e também começar a oferecer o aluguel de bicicletas e motos.

A publicitária, Eliza Santos, 46, usa a Velo-City desde junho de 2021. “Para viagens e fim de semana, utilizo os serviços de locação dos carros, o que me traz maior conforto”. Ela tinha automóvel próprio, mas preferiu vendê-lo devido aos custos.

“Antes eu tinha um carro caro, com seguro e IPVA altos. Hoje, alugando, além de me sentir contribuindo com a questão da sustentabilidade, economizo bastante”, concluiu. No dia a dia, ela, que mora perto do trabalho, se locomove numa scooter elétrica.

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