DANIELLE CASTRO (FOLHAPRESS) – O número de acidentes envolvendo escorpiões no estado de São Paulo cresceu 7,5% neste ano. Foram 28,5 mil notificações de janeiro a outubro ante 26,5 mil casos no mesmo período de 2021.
Uma criança de quatro anos morreu em São José do Rio Pardo (a 254 km de São Paulo) no último dia 22. Maria Vitória Tagliar da Silva foi picada no pé na fazenda em que morava e chegou a ser socorrida pelos familiares, mas não resistiu às toxinas e morreu. Ao todo, até novembro, os escorpiões fizeram três vítimas.
A Secretaria de Estado da Saúde informou por nota que ampliou em 22% a rede de pontos estratégicos para aplicação de soro em caso de acidentes com animais peçonhentos. A expansão ocorreu ano passado, quando o número de pontos passou de 172 para 211, passando a cobrir todas as regiões.
O corretor de imóveis Antonio Coissi Sobrinho, 74, de Álvares Machado (a 567 km de São Paulo), está com obras em casa e foi picado no dia 27.
“Calcei o sapato e senti uma dor forte, foi aumentando, insuportável. De imediato fui levado à Santa Casa e recebi injeção de morfina para aliviar. Tomei várias vezes analgésicos e não consegui dormir de domingo para segunda”, conta.
Sobrinho não teve nenhuma manifestação mais grave, como perturbação cardíaca ou convulsão, e já está melhor, mas como os netos frequentam sua casa regularmente providenciou vistoria e limpeza do espaço. “Encontramos três escorpiões. Estamos observando calçados, roupas, travesseiros, ralos”, diz o corretor.
Em São José do Rio Preto, também no interior de São Paulo, a Vigilância Ambiental do município intensificou as ações de combate e prevenção, como a captura noturna de escorpiões em escolas infantis e palestras educativas.
Também tem sido feita a fiscalização de imóveis que representem riscos à saúde pública, por exemplo, com possíveis focos de baratas, que servem de alimento para escorpiões, e de animais peçonhentos. O não cumprimento das notificações de limpeza podem levar o proprietário a ser autuado.
Ainda assim, segundo o biólogo César Leandro Jerônimo, da Vigilância Ambiental da cidade, a tendência é de crescimento. “Tentamos diminuir, mas o escorpião não tem predador e o amarelo [mais comum no Sudeste] se reproduz por partenogênese, ou seja, sozinho. Esse mecanismo de reprodução aumenta o aparecimento nessa época do ano”, afirma.
O biólogo acredita que na pandemia houve uma subnotificação de casos e alerta que durante o período de chuvas o risco aumenta. “O escorpião gosta de umidade, mas não de água. Conforme chove, ele acaba subindo para superfície”, explica o especialista.
O escorpião é resistente a venenos e a recomendação passada às vigilâncias municipais pelo Ministério da Saúde é evitar a dedetização, porque isso causa o desalojamento do animal e há o risco de ele invadir as residências.
A orientação é jogar apenas água fervente nos ralos e canos e depois fechar. “O escorpião morre na hora. Quando jogamos veneno, eles ficam ainda uns dez minutos vivos e muito mais irritados”, conta Jerônimo.
Outro alerta é em relação às crianças. Os pequenos correm maior perigo por terem um peso corporal menor, o que leva a uma maior concentração das neurotoxinas do escorpião -o veneno pode causar a asfixia e a morte do indivíduo.
“De zero a 12 anos é grupo de risco”, diz Jerônimo, que orienta ainda, em caso de acidente, lavar o local do ataque com água e sabão e levar imediatamente a criança para um local onde haja soro.
Em São José do Rio Preto, o boletim de saúde de acidentes por animais peçonhentos registrou 1.139 casos neste ano, sendo 98,1% (1.118) por escorpião, com picada nas mãos ou pés. O número representa uma alta de 35,1% em relação ao ano passado no mesmo período, de janeiro a outubro.
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COMO PREVENIR
– Mantenha jardins e quintais limpos e evite acumular entulhos, folhas secas, lixo e materiais de construção.
– Sacuda roupas e sapatos antes do uso e não coloque as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres
– Deixe ensacado o lixo doméstico e use calçados e luvas de raspas de couro para atividades em que seja preciso colocar a mão ou pisar em buracos, entulhos e pedras
– Use telas em ralos do chão, pias ou tanques e vede frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e as paredes
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