Casos de herpes-zóster no país aumentamdurante a pandemia

STHFHANIE PIOVEZAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há vacina disponível no SUS? Essa é uma das principais dúvidas de quem procura no Google informações sobre herpes-zóster, doença que tem crescido no país.

De março a agosto de 2017, foram reportados 5.691 casos no sistema público, que cresceram para 7.021 no mesmo período de 2019, por exemplo. Já de março a agosto de 2020, primeiros meses da pandemia de Covid-19 no Brasil, o número passou para 8.695 e, entre setembro e fevereiro de 2021, subiu para 9.654.

Os dados constam em estudos publicados em 2021 e 2022 por pesquisadores das universidades de Alfenas, José do Rosário Vellano, Estadual de Montes Claros, Estadual de Campinas e Federal da Paraíba.

Os cientistas destacam o aumento de ocorrências no período da pandemia e afirmam que ainda são necessárias mais pesquisas para compreender os motivos dessa associação. Por outro lado, defendem a necessidade de medidas para melhorar o controle da herpes-zóster, também conhecida como cobreiro.

A doença ocorre pela reativação do vírus Varicela-Zóster, o mesmo da catapora, quando há redução da imunidade por causa de doenças ou pelo avanço da idade.

Com o tempo, o corpo perde parte da imunidade adquirida durante a vida, e o vírus, que estava latente no organismo de quem teve catapora, desperta e começa a causar dores nos nervos e deixar um rastro de lesões, explica Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações.

“Quem vive até os 85 anos tem uma chance em torno de 50% de ter a doença”, afirma a médica.

Pessoas imunocomprometidas, como quem passa por transplante de medula óssea, também têm grande probabilidade de desenvolver a doença, que pode provocar diferentes complicações.

Entre os possíveis problemas, o Ministério da Saúde destaca prejuízos no movimento dos membros, fala e deglutição; redução na quantidade de plaquetas; infecções bacterianas secundárias; e a neuralgia pós-herpética, uma dor persistente e de difícil tratamento. Em casos raros, a enfermidade pode levar à morte.

O SUS oferece a vacina contra catapora -a primeira dose é dada aos 12 meses de vida e a segunda entre 15 meses e 4 anos-, mas não para herpes-zóster. No caso dessa última, há duas vacinas disponíveis, ambas em clínicas particulares.

A primeira é destinada apenas a pessoas acima de 50 anos. Levi relata que, por se tratar de uma vacina feita com vírus vivo atenuado, ela é contraindicada para imunossuprimidos.

O imunizante de dose única custa a partir de R$ 500 e tem eficácia de 69,8% entre pessoas de 50 a 59 anos.

A outra vacina, que chegou ao país em junho, é produzida a partir de uma proteína do vírus, tecnologia que permitiu que fosse licenciada não apenas para adultos acima 50 anos quanto para pessoas imunocomprometidas a partir de 18 anos.

A eficácia do imunizante é de 96,6% entre aqueles de 50 a 59 anos e a aplicação é feita em duas doses, cada uma custando entre R$ 750 e R$ 1.000.

Segundo Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas, o preço varia de acordo com a cotação do dólar e a região do país.

Outro fator que pesa é o fato de ainda ser uma novidade. “Todas as vezes que uma vacina é lançada chega em um preço mais elevado e, à medida que vai aumentando a demanda, os preços tendem a cair. Acreditamos que, no futuro, teremos uma condição melhor.”
Barbosa informa que aqueles acima de 50 anos não precisam de prescrição médica, mas é recomendado consultar o especialista sobre os potenciais benefícios da imunização.

Já aqueles entre 18 e 49 anos têm de apresentar o pedido do médico. Por mais que haja indicação do imunizante para pacientes com câncer ou pessoas vivendo com HIV/Aids, por exemplo, há precauções que precisam ser tomadas e é necessária a avaliação do especialista, inclusive quanto ao melhor momento para aplicação.

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