A diretriz do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que o seu governo valorize o agronegócio sustentável não deverá implicar mudanças drásticas na atuação do Ministério da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro (PL). A linha central da equipe escalada pelo petista para a área na transição é a de “não ruptura”.
Os oito nomes do grupo que trabalha a transição no setor agropecuarista foram anunciados na quarta-feira passada, 16, pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Eles estão dedicados ao que chamam de “fase de diagnóstico”.
“Estamos fechados na linha da não ruptura”, disse o engenheiro florestal da Universidade de Brasília (Unb), produtor rural e ex-deputado distrital Joe Valle (PDT). “Nosso compromisso é tirar a sustentabilidade da lateralidade. O agro cresce quando trabalhamos junto às questões ambientais.”
Os primeiros encontros deliberativos estão previstos para hoje. A preocupação ambiental no agronegócio brasileiro ganhou destaque nas mensagens que Lula enviou à comunidade internacional.
Em discurso na COP-27, a conferência internacional do clima da Organização das Nações Unidos (ONU), o presidente eleito defendeu a Amazônia protegida como fundamental à “segurança climática” e prometeu punição rigorosa aos responsáveis por ações ilegais na floresta.
“A produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerada uma ação do passado. Não precisamos desmatar nem sequer um metro de floresta para continuarmos a ser um dos maiores produtores de alimento do mundo”, disse Lula na ocasião.
Cotados
Os mais cotados para assumir o Ministério da Agricultura são o deputado Neri Geller (PP-MT) e o senador Carlos Fávaro (PSD-MT). Ambos atuaram na campanha eleitoral para reduzir a resistência a Lula entre ruralistas. O setor abraçou a proposta de reeleição de Bolsonaro e foi importante no financiamento da campanha do atual presidente. Também foram consultados para a redação de um trecho da “Carta para o Brasil do Amanhã”, divulgada pela campanha petista durante o segundo turno da campanha.
Integrantes do comitê do agronegócio já traçaram planos para quebrar resistências a Lula no setor ruralista e defendem pontos como: ampliação de mercados para a produção nacional, bom relacionamento com a China, foco na segurança no campo e suspensão de acenos ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Equipe
Além de Valle, Fávaro e Geller, integram o grupo na equipe de transição: Katia Abreu, senadora pelo PP do TO, empresária, pecuarista e ex-ministra de Dilma Rousseff; Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica); Tatiana Deane de Abreu Sá, doutora em Biologia Vegetal; Luiz Carlos Guedes, ex- residente da Associação Brasileira de Reforma Agrária; e Silvio Crestana, presidente da Embrapa no governo Lula.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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