Estudantes do Amapá criam projeto para combater pobreza menstrual no ambiente escolar

Três estudantes do 2º ano do Ensino Médio Integral, da escola Maria do Carmo Viana dos Anjos, em Macapá (AP), desenvolveram o projeto “Sempre Livre” para ampliar o acesso gratuito de absorventes a mulheres e jovens em condição de pobreza menstrual.

Sob orientação das professoras Rosilene Cardoso e Aldenir Freire, o trabalho dos alunos Erika Patrícia, Jeferson Silva e Saíra Nogueira contou com arrecadações, doações e propostas de conscientização, foi premiado na 11ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na modalidade “Projeto de Ciências”.  

O interesse e a relevância da temática sobre o direito a melhores condições de higiene íntima nos ambientes escolares levaram os alunos a apresentarem seu projeto na III Mostra Científica e Cultural da escola, e mais adiante, na Feira de Ciências e Engenharia do Estado do Amapá (FeCEAP), em que conquistaram o 2º lugar do ensino médio na categoria “Ciências da Saúde”.  

Saíra Nogueira é uma das fundadoras do projeto e protagonista do EMI. A estudante, que mora na Zona Norte de Macapá (AP) com sua família, foi criada sozinha por sua mãe, com a ajuda de seus irmãos. Sempre dedicada aos estudos e muito comunicativa, a jovem demonstra o desejo de estar à frente de projetos de impacto.  

“O nosso objetivo inicial era conhecer o índice de jovens que viviam em situação de vulnerabilidade social ou pobreza menstrual. Depois percebemos que grande parte das respostas apontavam a necessidade do absorvente gratuito nos banheiros. Então, iniciamos as campanhas de arrecadação para viabilizarmos os materiais de higiene íntima na escola”, conta a estudante.   

Protagonismo juvenil

Erika Patrícia, de 18 anos, é outra aluna envolvida no Sempre Livre. Para ela, as mostras científicas e as ferramentas do EMI a ajudaram a desenvolver as habilidades da escrita e da fala, além de estimular a sua participação em ações sociais.  

Para entender a realidade da escola e tentar fazer algo para ajudar, ela e seus colegas se colocaram no lugar das alunas e mulheres da comunidade. “Quando olhávamos para os banheiros femininos, percebíamos a dificuldade de encontrar dispensadores disponíveis gratuitamente. Começamos então a pensar na necessidade e importância de levar esse tema à frente”, recorda a aluna.  

Jeferson Silva, de 18 anos, é também criador colaborativo do projeto. Em seu primeiro ano estudando em tempo integral, o jovem já sente o impacto do modelo em sua vida, especialmente no desenvolvimento do ser e o preparo para o futuro. 

Ele ainda destaca como a participação masculina tem sido importante para o Sempre Livre: “O meu envolvimento no projeto é uma oportunidade de mostrar que essa causa também precisa ser apoiada pelos homens. Afinal, quando vivemos em sociedade, isso passa a ser um problema de todo mundo”, relata.  

Reforçando o protagonismo dos estudantes com a iniciativa, a professora Aldenir relembra ainda como os alunos ajudaram a fortalecer o estoque de absorventes na escola e a distribuição gratuita nos banheiros.  

“Durante as aulas, nós estamos sempre estimulando os alunos a pensarem nos problemas da realidade que vivenciam e em como resolvê-los. E, apesar da escola se encaixar nos grupos atendidos pela legislação vigente, que garante às jovens matriculadas, e que se encontram na situação de pobreza menstrual, o direito à assistência da gratuidade do absorvente, o que é disponibilizado nem sempre é suficiente. Diante disso, os três construíram toda a proposta de arrecadação que possibilitou o andamento do projeto”.  

Próximos passos

Além da experiência dentro da escola, o projeto agora caminha para ganhar visibilidade na comunidade. “A próxima etapa é a ampliação do acesso de todos os absorventes oferecidos pelo Sempre Livre em uma Unidade Básica de Saúde no bairro próximo da escola. Será o primeiro ponto instalado fora da escola, na zona norte da cidade. Uma verdadeira oportunidade para vermos o potencial do protagonismo dos estudantes”, finaliza Rosilene, uma das professoras orientadoras. 

*Com informações da assessoria de imprensa

 

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