SÃO PAULO,SP (FOLHAPRESS) – Mais popular aplicativo de idiomas no mundo, o Duolingo se prepara para expandir as suas atuações em outras áreas de ensino. Até o final do ano, a empresa vai lançar um app de matemática, por enquanto apenas em inglês. Não há previsão para o desenvolvimento da ferramenta em português.
A versão beta foi exibida nesta sexta-feira (26) durante a Duocon, conferência da marca que completou dez anos em junho. Lá também anunciaram um novo design do app de idiomas e a inclusão do zulu, língua falada no sul da África.
“Nós basicamente pegamos a receita que torna o aplicativo de aprendizado bem-sucedido e transferimos para um tópico diferente”, afirma o diretor global de marketing da empresa, Manu Orssaud, sobre o app de matemática. Essa receita é a gamificação.
Orssaud se refere à estrutura do aplicativo, que lança mão de recursos parecidos com os de um jogo eletrônico. Mudar de nível se assemelha à experiência de passar uma fase, por exemplo. Há tarefas a serem concluídas e os efeitos sonoros lembram os de um game.
“Gamificar é o nosso coração, a chave para a retenção dos usuários”, afirma o profissional, que tem passagens por Spotify e Playstation. “Se as pessoas se divertem quando usam nosso produto, elas ficam.”
O conceito se aplica a outros investimentos. Em maio deste ano, o Duolingo abriu um restaurante mexicano que dá descontos a quem acertar uma questão em espanhol. O empreendimento, que fica em Pittsburgh, nos Estados Unidos, foi movido também por uma força regulatória que obriga a empresa a ter uma propriedade comercial, segundo Orssaud.
O ensino de línguas fictícias para atrair fãs de séries e filmes é outro exemplo. Desde 2018 a plataforma disponibiliza o klingon, idioma do clássico nerd Jornada nas Estrelas, e um ano depois passou a ensinar alto valiriano, língua da série Game of Thrones. De acordo com Orssaud, cerca de 40% dos usuários que entram no app por essas línguas passam a um idioma funcional.
“A mesma coisa aconteceu com Emily in Paris”, diz o diretor. O Duolingo fez uma parceria com a plataforma de streaming Netflix depois de ver o burburinho que a série causou entre os brasileiros -seu segundo maior mercado- nas redes sociais. “Vemos que a cultura influencia a linguagem”, afirma.
A empresa experimenta um momento de crescimento na esteira da pandemia, que favoreceu seu negócio por meio do isolamento social adotado em diferentes países. No segundo trimestre deste ano, o app tinha 49,5 milhões de usuários ativos mensais, 31% a mais do que o mesmo período do ano anterior.
“Não nos vemos substituindo nada”, afirma Orssaud sobre uma competição com o ensino presencial. “Nós queremos criar uma experiência que seja, para algumas pessoas, tudo o que elas usarão para aprender um idioma, e, para outras, complementar ao que elas estudam em outros lugares.”
O Duolingo abriu seu capital na Bolsa de Valores americana em julho do ano passado, e desde então suas ações caíram mais de 30%, acompanhando a baixa que empresas de tecnologia enfrentam na ressaca pós-pandemia.
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