RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Uma pesquisa feita com 3.017 norte-americanas de 18 a 93 anos investigou as maneiras pelas quais as mulheres descobrem, se envolvem e desfrutam da estimulação e penetração anal, além de como isso pode potencializar o orgasmo feminino.
Este foi o primeiro estudo em larga escala do tema focado em técnicas específicas de toque anal prazeroso para as mulheres (sem penetração total).
O resultado destacou três formas específicas de toque anal considerados mais prazerosos por elas: ao redor do ânus (40% das entrevistadas); superficial (toque na superfície com penetração máxima equivalente a ponta do dedo – 35%) e toque com estímulo pareado (40%). Neste último, as mulheres também tem uma penetração anal superficial, mas enquanto o dedo, o pênis ou o brinquedo estão inseridos, também ocorre sexo vaginal ou masturbação do clitóris.
Os estímulos externos e internos no ânus durante o sexo foram potencializadores do orgasmo feminino para quatro de cada dez entrevistadas. Na penetração superficial, o preferido de 28,3% delas foi o dedo do parceiro, seguido do pênis (25,7%), de sex toys (17,4%) e do próprio dedo (15,4%).
Os autores são pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e da empresa For Goodness Sake, que coletaram dados a partir de documentos diversos como o Relatório de Prazer da OMGYES e também por entrevista direta com mil mulheres da amostra.
Ao todo, 92,3% das participantes se descreveu como heterossexual e 73,4% estava em algum tipo de relacionamento fixo (casamento, noivado ou namoro). Os dados levantados pelos pesquisadores mostram que cerca de metade das norte-americanas já experimentaram algum tipo de sexo anal, embora toque ou estimulação anal sejam raramente inseridos nas conversas sobre sexualidade.
“Não estamos falando apenas de penetração anal ou o que comumente é chamado de ‘sexo anal’. Em vez disso, estamos falando de qualquer tipo de toque do lado de fora ou de dentro do ânus ou [ainda] o ânus com a ponta do dedo, brinquedo, pênis ou qualquer outra coisa”, afirmam os autores no artigo.
Os resultados foram publicados na revista científica internacional Plos One. A proposta do estudo é levar o conhecimento destas técnicas a mais mulheres, dando mais chances de entenderem as próprias preferências, de falarem sobre isso e usufruírem do prazer sexual.
Para Priscila Junqueira, 44, sexóloga e psicóloga que atua há duas décadas na área, este tipo de informação ajuda a quebrar tabus e reforça a importância de uma educação em sexualidade adequada.
“Percebo na minha prática, na anamnese que faço com as mulheres e casais em terapia, que o assunto é um tabu. E isso porque as pessoas ainda têm preconceito com sexo anal por falta de conhecimento”, afirmou a psicóloga. Co-fundadora do IPSER (Instituto de Psicologia e Sexologia Essência Rara), a sexóloga explica que o ânus é uma região extremamente rica em terminações nervosas e, por isso, também pode gerar prazer.
“Quando o estudo traz essa possibilidade da mulher ter o prazer, a gente consegue quebrar um pouco o preconceito dessas mulheres irem para prática do sexo anal. Sem esse conhecimento, eu não sei que é uma zona erógena, não posso nem tocar. Tem mulheres que sentem sim prazer na penetração, mas podem através de todos os jogos eróticos se abrir para o novo”, disse a sexóloga.
Ela relatou também que as brasileiras hoje já estão conseguindo falar mais sobre o tema. “Antes nem se falava. Uma pergunta dessa anos atrás, responderiam ‘isso não é para mim.’ Hoje elas já dizem ‘eu experimentei uma vez’ ou “experimentei e vi que poderia ser feito de outra forma, com um lubrificante, e inclui isso na minha prática'”, afirmou.
Notícias ao Minuto Brasil – Lifestyle