SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As imagens de milhares de apoiadores de Donald Trump invadindo o Capitólio mal saíram da mente, e uma nova ameaça de violência já se forma, tendo desta vez como alvo a posse de Joe Biden.
Um dos alertas veio do líder democrata no Senado, Chuck Schumer. Em um comunicado, ele afirma ter instado Christopher Wray, diretor do FBI, a polícia federal americana, a perseguir implacavelmente os invasores do Congresso.
E acrescentou:
“A ameaça de grupos extremistas violentos continua alta, e as próximas semanas são críticas para o nosso processo democrático com a posse no Capitólio”.
Assim como nas semanas anteriores ao ataque da última quarta-feira (6), os avisos em fóruns online se acumulam. Segundo o Washington Post, há convocações para novos protestos, que culminariam no que os organizadores apelidaram de “Marcha das Milhões de Milícias”, em 20 de janeiro, dia da posse.
Há também promessas de retorno à capital americana no dia 17, feitas por apoiadores de Trump. O jornal fala de uma publicação citada pelo Grupo Alethea, de combate à desinformação, que chama para uma “MARCHA ARMADA NO CAPITOL HILL E TODOS OS CAPITÓLIOS ESTADUAIS”.
Online, os trumpistas também têm dito que o atual presidente ficará mais quatro anos. “Trump VAI tomar posse para um segundo mandato em 20 de janeiro!!”, afirma um comentário em um fórum pró-Trump na quinta (7), um dia após a invasão, segundo a CNN americana. O republicano foi derrotado nas eleições.
“Não podemos deixar os comunistas vencerem. Mesmo que tenhamos de queimar DC [Distrito de Columbia, onde fica Washington]. Amanhã tomamos de volta DC e tomamos de volta o nosso país!!”
Segundo falou à CNN Jonathan Greenblatt, diretor-executivo da Liga Anti-Difamação, que rastreia e combate o discurso de ódio, a organização tem observado conversas de supremacistas brancos e extremistas de extrema direita que se sentem encorajados nesse momento. “A expectativa é a de que a violência fique pior antes de melhorar.”
As cenas vistas na quarta foram condenadas por republicanos de peso, como o senador Mitch McConnell, líder do partido do Senado, e o vice-presidente, Mike Pence.
A mensagem parece ter surtido pouco efeito, pois John Scott-Railton, pesquisador do Citizen Lab, grupo da Universidade de Toronto que monitora cibersegurança, afirmou à CNN estar extremamente preocupado com o dia da posse. “Enquanto a maior parte do público ficou horrorizada com o que aconteceu no Capitólio, em certos lugares de conversa da direita o que aconteceu foi considerado um sucesso.”
O fato é que agora a preparação para a segurança da posse de Biden ganhou novas proporções. O plano, segundo o Washington Post, parece preparar a capital para uma cerimônia de milhões -como seria se não houvesse a pandemia-, ainda que o número de participantes esteja limitado a uma fração disso.
O jornal afirma que cerca de 6.200 membros da Guarda Nacional de seis estados -Virgínia, Pensilvânia, Nova York, Nova Jersey, Delaware e Maryland- irão apoiar a Polícia do Capitólio e outras forças de segurança de Washington nos próximos 30 dias.
Altas barreiras de metal, construídas de forma que seja impossível escalá-las, também foram erguidas ao redor do prédio onde fica o Congresso americano. Esse tipo de estrutura já foi usado ao redor da Casa Branca e em outras cidades para lidar com manifestações prolongadas.
Essa proteção, porém, teria sido instalada de qualquer forma nos próximos dias, já que a cerimônia de posse é um Evento Nacional de Segurança Especial, com supervisão do serviço secreto e de dezenas de agências federais. É o mesmo nível de segurança utilizado durante convenções dos partidos.
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Apesar das ameaças, congressistas responsáveis pela coordenação do evento insistiram que ele ocorrerá. “O ultrajante ataque ao Capitólio não nos impedirá de afirmar aos americanos -e ao mundo- que nossa democracia perdura”, diz nota dos senadores Roy Blunt (republicano) e Amy Klobuchar (democrata).
“A grande tradição americana de uma cerimônia de posse já ocorreu em tempos de paz, em tempos de turbulência, em tempos de prosperidade e em tempos de adversidade. Empossaremos Biden.”
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