Argentino que trabalhava colhendo uvas para pagar faculdade se forma em Engenharia e é contratado por multinacional

Por cinco anos, Joel trabalhou debaixo de sol e chuva em uma fazenda de Mendoza, na Argentina, dedicando-se à colheita de uvas para a fabricação de sucos e vinhos.

Com a renda que tirava todo mês, equivalente a um salário mínimo, ele pagava as mensalidades do curso de Engenharia Eletromecânica.

No início deste ano, a luta chegou ao fim: Joel apresentou seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) na faculdade, conquistou o diploma e agora é um engenheiro formado!

Foto: Arquivo pessoal

“No calor do sol e com a roupa suja em uma fazenda, ainda imaginava um dia levantar o diploma de engenheiro eletromecânico”, disse o rapaz, orgulhoso de sua conquista, após receber o certificado de conclusão do curso.

Para muita gente, ingressar na universidade após a conclusão do ensino médio é um caminho natural e até obrigatório. Mas nem todos têm essa oportunidade.

Pouco depois de completar 17 anos, Joel viu a mãe perder o emprego e se afundar em dívidas, uma vez que ela sustentava a família sozinha. Quase sem recursos para sequer ir à escola, ele viu o sonho de tornar-se engenheiro ficar cada vez mais distante.

Foto: Arquivo pessoal

Ainda assim, não desistiu! Desafiando os comentários maldosos de alguns familiares, Joel se preparou sozinho para o vestibular, sendo aprovado em uma universidade particular de Mendoza, na Argentina.

As mensalidades eram caras, e o jovem precisou se virar para pagar o curso. “Moro com minha mãe e meus irmãos. Meu pai é falecido. Na época em que fui aprovado, não tínhamos dinheiro para nada. Então, precisei arranjar um trabalho para levar meu sonho adiante”, explicou o rapaz, que foi contratado por uma fazenda local para fazer a colheita das videiras.

Foto: Arquivo pessoal

Enquanto a mãe fazia bicos como faxineira e diarista, Joel passava oito, às vezes doze horas diárias na lavoura, antes de correr para se arrumar e ir pra faculdade.

Com o passar dos meses, ele começou a contar com a ajuda dos seus irmãos. “Éramos pagos de acordo com a quantidade de frutas colhidas. Tirávamos uma a uma, manualmente”, relembrou.

Conciliar o trabalho com os estudos era um desafio enorme para Joel, que perdeu a conta de quantas vezes chegou à faculdade cansado, quase sem disposição para acompanhar as aulas.

Foto: Arquivo pessoal

Ao lembrar do pai, que faleceu quando ele era criança, o estudante argentino se inspirava e conseguia fazer as atividades. “Estudar virou uma maneira de honrar e homenagear meu pai”, contou.

Enquanto cursava Engenharia Eletromecânica, Joel ouvia todo tipo de comentário desnecessário de familiares. “Diziam que não era pra mim, que era muito caro de arcar e até que o curso era uma perda de tempo”.

Inabalável, ele só ignorava e mantinha seu sonho vivo. Quando a temporada de colheita na fazenda acabava, o jovem trabalhava em uma oficina de pintura de automóveis. Essa rotina durou 5 anos.

Agora, com o diploma em mãos, Joel foi convidado pela Arcor, umas das maiores empresas de alimentos da Argentina, para trabalhar na área de Engenharia de Produção de doces.

Foto: Arquivo pessoal

Pura inspiração, né? Da colheita de uvas ao cargo de chefia de uma multinacional. Parabéns, Joel!

E com um salário (bem) superior, o engenheiro tem ajudado a mãe, que é idosa, com os gastos de casa e tem incentivado ela a trabalhar menos, em prol de sua saúde física.

“Depois de 5 anos e 4 meses minha vida mudou para sempre. Todos os preconceitos foram deixados para trás. Agora, carrego comigo o diploma e a felicidade de um sonho realizado ao me tornar um engenheiro eletromecânico”, completou Joel.

“Espero que minha história de vida seja usada como objeto de inspiração a garotos que, como eu, tem lutado por seus sonhos”, finalizou.

Fonte: A24

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