Equipe técnica ambiental da Prefeitura de Sorocaba também acompanha a diversidade da fauna local e observou 105 diferentes espécimes no local
A construção das avenidas marginais do córrego Itanguá, na Zona Oeste da cidade, atingiu 32,3% do total previsto e segue em ritmo acelerado, com previsão de conclusão para dezembro deste ano. Uma das etapas do projeto, que vem despertando bastante a curiosidade de todos, já está praticamente concluída: a construção de passagens subterrâneas para animais.
Conforme levantamento técnico finalizado neste mês de abril pela Prefeitura de Sorocaba, a eficácia da travessia de fauna já pode ser verificada, inclusive, por meio de vestígios de pegadas dos animais. Os acessos permitem o deslocamento de espécimes entre duas áreas de matas remanescentes nos arredores, conectando o Parque “Ouro Fino” ao córrego do Itanguá. Uma das passagens subterrâneas é seca, medindo 57 metros de comprimento, e a outra, úmida, com 63 metros. Ambas possuem estruturas de proteção em suas aberturas, bem como postos que auxiliam na iluminação e ventilação.
As travessias foram propostas como medida mitigadora, a partir do trabalho de monitoramento da fauna desses fragmentos de mata, em cumprimento ao Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental, firmado entre a Prefeitura de Sorocaba e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
O monitoramento dos animais ocorreu em três momentos: anteriormente ao manejo florestal, em 2019; posterior e ao início das obras, em 2021, e após a implantação da “travessia de fauna”, em 2022.
O estudo utilizou metodologia da Cetesb e foi realizado pela equipe técnica do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, da Secretaria do Meio Ambiente, Bem-Estar e Proteção Animal (Sema) e do Centro de Aceleração, Desenvolvimento e Inovação (CADI), órgão ligado à Secretaria de Administração (Sead) e responsável pelo gerenciamento da obra.
Espécies identificadas
O gerente socioambiental do Programa de Obras do CADI, o ecólogo José Carmelo, está à frente de todo esse trabalho e destacou que, ao final do levantamento, foi observado um total de 105 espécies da fauna silvestre. Nenhuma delas está presente na lista de ameaçadas de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (Iunc) e no livro vermelho da fauna brasileira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Entre os beneficiados com a travessia de fauna implantada estão, principalmente, os representantes da mastofauna local, como as espécimes de gambás (Didelphis sp.), o mamífero carnívoro mão-pelada (Procyon cancrivorus) e o sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata). “Além disso, durante o levantamento, foi realizado o primeiro registro, segundo a plataforma Wiki-Aves, da espécie gavião-asa-de-telha (Parabuteo unicinctus) na cidade de Sorocaba”, comenta.
Segundo ele, em resumo, o estudo verificou o potencial da área ribeirinha em abrigar a fauna silvestre. “Nas ‘bocas’ de cada passagem subterrânea estão sendo instalados alambrados para direcionar o fluxo de animais para essas passagens, como forma de evitar que acessem as pistas”, adiantou o ecólogo.
O projeto da “Marginal Itanguá” engloba, ainda, a realização de um trabalho de restauração ecológica, onde o trecho de estudo receberá cerca de 2.700 mudas nativas de árvores. “A medida facilitará a ocupação pela fauna silvestre, fornecendo abrigo e recursos alimentícios, além do benefício mútuo, já que boa parte da fauna observada possui relação de dispersão de sementes com a flora local, atuando como regeneradores naturais do ecossistema”, explicou.
Construção das pistas
A construção das avenidas marginais do córrego Itanguá é executada por meio de financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O empreendimento vai ligar, em um primeiro momento, a Avenida Adão Pereira Camargo, passando pela Avenida Américo Figueiredo, com acesso chegando à Rua Miguel Patrício de Moraes.
“Até o momento, já foram executadas 96% das instalações preliminares, 76% das contenções das margens do córrego, 60,4% das travessias de córrego, além de 55% da terraplanagem, 41% do paisagismo, 31,3 de pavimentação e 29,8% das obras de drenagem”, destaca o engenheiro Rodrigo Faria, que é diretor de área do CADI. Depois de pronta, a obra terá uma área total pavimentada de 50.997,53 m².
A estimativa é que o primeiro trecho, interligando as avenidas Adão Pereira de Camargo e Américo Figueiredo, esteja concluído até o final deste ano. Já, no início do segundo semestre, está previsto o começo da construção do viaduto na Avenida Américo Figueiredo, sobre o córrego Itanguá, que também integra o projeto de construção das pistas marginais.
Conforme o CADI, adequações foram feitas no projeto original para otimizar a obra, evitar novas desapropriações e minimizar os impactos ambientais e para a população nos arredores. Além da construção do viaduto, as únicas fases do projeto que não tiveram início até o momento são as de instalação de dispositivos de sinalização e de iluminação, que são as últimas.
Segunda fase
A segunda fase das obras nas marginais do córrego Itanguá, ligando a região da Avenida Santa Cruz à Avenida Luís Mendes de Almeida, também já está nos planos da Prefeitura de Sorocaba. A previsão é que a licitação, para definir a empresa que executará esses serviços, ocorra ainda neste ano. Tais intervenções igualmente constam no contrato de financiamento com a CAF e a expectativa é que as construções tenham início tão logo concluído o processo licitatório.
Esse segundo trecho criará um novo corredor de trânsito, cruzando a Zona Oeste e permitindo uma ligação direta, desde a Avenida Dom Aguirre, passando pelas avenidas General Osório, Adão Pereira de Camargo, Santa Cruz e Luís Mendes de Almeida, até chegar à Rodovia Raposo Tavares.
Meio Ambiente – Agência de Notícias