ANA LUIZA ALBUQUERQUE
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A mãe de Raquel Antunes da Silva, a menina de 11 anos que morreu nesta sexta-feira (22) após acidente na dispersão do sambódromo, pediu por justiça durante o velório da filha no cemitério do Catumbi, zona central do Rio de Janeiro. “Eu quero minha menina, isso não pode ficar assim”, gritou, aos prantos, a manicure Marcela Portelinha Antunes. A mãe teve que ser carregada por familiares para subir as escadas até a capela. Ela passou mal durante o velório e uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi chamada para atendê-la.
Raquel teve as pernas prensadas entre um carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora e um poste na rua Frei Caneca, no fim da noite de quarta-feira (20). Ela foi internada no Hospital Municipal Souza Aguiar em estado gravíssimo e teve uma perna amputada, mas não resistiu e morreu às 12h10 desta sexta.
Seu corpo foi velado na manhã deste sábado (23).
Familiares chegaram ao local com uma camisa com a foto de Raquel e os dizeres: “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”.
Após a tragédia, ainda na noite de quarta, o desfile das escolas chegou a ser interrompido para a realização de perícia no local. A Polícia Civil afirmou que abriu investigação sobre o caso e que também está analisando imagens coletadas das câmeras de segurança.
Depois do acidente, a pedido do Ministério Público, a Justiça fluminense determinou que todas as escolas do grupo de acesso, especial e mirins façam a escolta de seus carros até seus barracões. A decisão foi do juiz Sandro Espíndola, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital.
De acordo com a Promotoria, o desfile desta quarta violou normas que haviam sido determinadas pela Justiça com antecedência. Em março deste ano, o MP do Rio diz ter enviado aos organizadores do evento recomendações.
“Providenciar seguranças aos carros alegóricos para evitar que crianças e adolescentes se coloquem em riscos, especialmente, nos momentos de concentração e dispersão das escolas de samba”, diz um dos itens do documento.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) publicou que a morte de Raquel “deixa um grande sentimento de tristeza”. “Vamos acompanhar de perto a investigação policial que apura as responsabilidades e estamos, através de nossa secretaria de Assistência, dando apoio aos familiares”, escreveu nesta sexta.
O governador Cláudio Castro (PL) também manifestou em nota solidariedade aos parentes e disse que desde esta quinta o Governo do Rio está prestando assistência psicológica aos familiares da menina por meio da Secretaria de Estado de Assistência à Vítima.
As ligas das escolas de samba Liga-RJ e Liesa se solidarizaram com a família e afirmaram, em nota conjunta, que a criança “subiu no carro alegórico fora do sambódromo, na rua Frei Caneca, no Estácio, após deixar a área de dispersão”.
“Equipes das Ligas e da Escola acompanham o caso na unidade hospitalar ao lado da família desde o primeiro instante e também colaboram com as autoridades. Nesse momento, é preciso esperar a apuração da perícia e autoridades para novos esclarecimentos”, afirmaram.
Procurada para dizer se havia segurança no carro alegórico, a escola Em Cima da Hora não havia respondido até a publicação desta reportagem.
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