Dos sete crimes que envolvem discurso de ódio informados à Central Nacional de Denúncias da SaferNet Brasil, seis tiveram mais denúncias em ano de eleições do que nos anteriores, segundo informações da Organização Não Governamental (ONG) que atua em defesa dos direitos humanos no ambiente digital.
Os dados mostram que houve mais denúncias de racismo, LGBTfobia, xenofobia, neo-nazismo, misoginia e apologia a crimes contra a vida nos anos de 2020 e 2018, quando foram realizadas as últimas eleições municipais e presidenciais, em relação aos anos anteriores, como explica a diretora de projetos especiais da SaferNet Brasil, Juliana Cunha.
“Em ano de eleição a gente tem, sim, picos e uma maior denúncia relacionada com conteúdos de ódio, que são, por exemplo, racismo, xenofobia, misoginia, neo-nazismo – que teve um crescimento vertiginoso nos últimos anos. E a gente tem que estar atento a isso sim, porque o discurso de ódio pode ser usado como uma plataforma política para ganhar notoriedade, para gerar engajamento. É um tipo de conteúdo que pode engajar mais as pessoas, e a gente precisa educar todo mundo, conscientizar do que deve ser feito se você se depara com conteúdo que incite a violência contra determinados grupos e pessoas”.
Em 15 anos de atuação, a SaferNet Brasil já recebeu mais de 4 milhões de denúncias relacionadas a conteúdos que violam direitos fundamentais. Juliana Cunha destaca a importância da denúncia para combater o problema e destaca que já há avanços inclusive na elaboração de leis para proteger a vítima desses crimes.
“A gente ainda tem uma percepção de que a internet é uma terra sem lei. Temos desafios: ainda são poucas as delegacias especializadas em crimes cibernéticos, e algumas delas só investigam crimes financeiros. Mas já tivemos alguns avanços com a legislação, que nos ajuda a fazer com que as pessoas que sejam vítimas possam denunciar, por exemplo a respeito do compartilhamento não consensual de imagens íntimas. E a denúncia é o único passo que faz com que algo seja feito”.
Segundo a central de denúncias da SafeNet, dos sete tipos de crimes que envolvem discurso de ódio, apenas o de intolerância religiosa não registrou aumento nas duas últimas eleições.
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