SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) atribuídos à Covid-19 diminuíram no Brasil e chegaram ao menor valor percentual da pandemia. Porém, as taxas da síndrome em crianças continuam crescendo, aponta o Boletim Infogripe da Fiocruz divulgado nesta quarta-feira (6).
Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, que englobam o mês de março, os casos confirmados de Covid foram cerca de 50,7% das infecções provocadas por vírus respiratórios. No boletim anterior, o valor era de 63,5%, e há pouco mais de um mês chegava a 90,1%.
Nos óbitos, porém, a presença do Sars-CoV-2 nas últimas semanas epidemiológicas permanece alta: 91,3%.
Se os dados de SRAG (que, como o próprio nome diz, aponta casos mais graves de infecções) referentes à população total trazem algum alívio, os relacionados às crianças vão no caminho contrário.
Desde fevereiro, período que, como relatório relembra, coincide com a retomada do ano letivo, a incidência de SRAG tem dado sinais de aumento. A Fiocruz nota que houve uma interrupção da queda dos casos de Covid no público infantil, além de crescimento entre outros vírus, como vírus sincicial respiratório (que causa a bronquiolite).
Inclusive, o aumento dos casos de SRAG entre crianças e adolescentes leva a uma tendência de alta da síndrome em 11 unidades federativas e em 13 capitais.
Pensando exclusivamente em casos de SRAG associados à Covid, crianças com até 4 anos ainda não têm vacinas contra a doença disponíveis no Brasil e em outros países. Além disso, a cobertura de vacinação para os pequenos que têm de 5 a 11 anos não é das mais altas. Essa faixa etária pôde começar a se imunizar em janeiro deste ano e conta com 53,47% com a primeira dose e somente 18,16% com a segunda.
Apesar de serem menos propensos a complicações e à Covid grave, os mais jovens acabaram se tornando uma fatia relativamente mais desprotegida na população, já que todas as demais faixas etárias têm imunizantes disponíveis.
Uma projeção recente apontou que acelerar a vacinação dos jovens de 5 a 11 anos poderia evitar 5.400 hospitalizações e 430 mortes por Covid até abril.
“O estudo mostra, também, uma desaceleração gradual na taxa de queda de casos de SRAG entre a população adulta e entrada em regime de estabilidade. Em contrapartida, a contribuição dos casos associados ao VSR [vírus sincicial respiratório] segue crescendo”, disse o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, à Agência Fiocruz de Notícias.
Apesar das melhoras na situação, o boletim aponta que ainda há 72 macrorregiões do país com nível alto de casos semanais de SRAG, 20 em nível epidêmico, duas em nível muito alto e uma em nível extremamente alto. Além disso, outras 23 se encontram em situação pré-epidêmica. Esses níveis são calculados com base no número de casos de SRAG a cada 100 mil habitantes.
Covid retrai nas Américas Assim como os casos gerais e os registros de SRAG no Brasil, as infecções e mortes por Covid-19 caíram na maioria dos países e territórios das Américas nas últimas semanas, mas o risco de novos surtos não pode ser ignorado à medida que as restrições são relaxadas e 240 milhões de pessoas permanecem não vacinadas, disse a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta quarta-feira.
“Muitos países e territórios nas Américas reduziram as medidas de saúde pública, e alguns o fizeram prematuramente”, disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, observando que a contagem de casos aumentou recentemente em lugares que dependem do turismo, especialmente em partes da América do Norte e Caribe, onde a cobertura vacinal é baixa.
A região continua a registrar mais de 620 mil novos casos a cada semana, disse ela em entrevista coletiva.
Etienne também observou que o número de mortes aumentou em alguns países, mas os ajustes nos dados podem ser responsáveis por parte desses aumentos, pois alguns países estão reclassificando as mortes passadas como relacionadas à Covid-19.
Mais de 685 milhões de pessoas completaram seus ciclos de vacinação na região, mas “apesar de todos os nossos esforços, 240 milhões de pessoas nas Américas ainda não receberam uma única dose de vacina contra Covid”, disse Etienne.
A diretora da Opas ressaltou que os países precisam continuar monitorando o vírus para “estarem preparados para o que está por vir”.
“Isso significa tornar os testes facilmente acessíveis para todos em todos os lugares, para evitar novos surtos e preparar nossos sistemas de saúde se os casos aumentarem.”
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