(FOLHAPRESS) – O governador João Doria (PSDB), prestes a deixar o cargo para a disputa presidencial, anunciou nesta quinta-feira (24) a evolução na despoluição do rio Pinheiros e o início das obras da Usina São Paulo (antiga Usina da Traição), que fica no curso do corpo d’água, tido pela administração estadual como um novo cartão-postal para a capital.
“Esse era um rio fétido, um rio que era uma péssima referência para São Paulo e para o Brasil. Hoje se torna uma referência de lazer, entretenimento, de respeito ambiental, de recuperação de um rio de recuperação da sua água e da despoluição do rio”, disse Doria.
A despoluição caminha com a ligação de esgotos à rede de tratamento. O governo afirma que foram investidos R$ 4 bilhões e feitas mais de 555 mil ligações de água e esgoto. “É como se nós pegássemos a cidade de Porto Alegre e fizéssemos todo o saneamento da cidade”, disse o governador.
Segundo o governo estadual, dos 13 pontos de monitoramento do rio Pinheiros, 11 têm DBO (demanda bioquímica de oxigênio) –indicador de qualidade da água– abaixo de 30 mg/L.
Esse valor, porém, está longe de algo próximo a um rio limpo de fato. Na verdade, valores nesse nível, como aponta o próprio governo, só garantem uma água sem odor, melhoras na turbidez e capacidade de alguma vida aquática.
Mas, de fato, algumas melhorias têm sido observadas com as décadas de trabalho de despoluição do sistema de rios Tietê-Pinheiros. Isso pode ser visto mais de perto no lago do parque Ibirapuera, que é alimentado pelo córrego do Sapateiro, parte desse sistema. A qualidade da água do lago melhorou (passando de regular para boa) graças aos trabalhos de limpeza dos rios.
Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios, da ONG SOS Mata Atlântica, disse recentemente ao jornal Folha de S.Paulo que a qualidade da água do Pinheiros é “péssima e ainda vai demorar para ficar ruim”.
Águas com DBO acima de 10 mg/L (como as do rio Pinheiros) não podem ser destinadas para, basicamente, nenhum uso humano.
Doria espera que isso mude e já projeta uso do rio para apresentações de barco, competições de vela e para transporte fluvial.
Banhar-se no rio, porém, não é uma realidade nem mesmo para o longo prazo. “Tomar banho no rio Pinheiros é tão improvável como tomar banho no rio Tâmisa [em Londres] ou no rio Sena, em Paris”, disse Doria.
Usina São Paulo O projeto da Usina São Paulo é uma aposta para dar uma nova vida ao rio. A declarada inspiração do projeto é o Puerto Madero, em Buenos Aires. A ideia é que a antiga usina de energia seja um polo cultural e gastronômico aberto 24 horas por dia.
Segundo Doria, com um investimento privado de R$ 1 bilhão, o local terá restaurantes, mirante, lojas, academias e escritórios. O investimento é proveniente do consórcio Usina São Paulo SPE S.A, que venceu a concessão do local –que dura até 2042– e é formado pelas empresas Kallis Administração e Participações Eireli, Nacional Shopping Planejamentos e Reestruturação de Shopping Center Ltda. e Concessões e Participações BR Ltda.
A previsão é que as obras da usina sejam entregues em três fases. A conclusão da primeira, concentrada na usina em si, com trabalhos na fachada, instalação de restaurantes no topo do prédio, estacionamento e elevadores (que acabarão por prover uma ligação entre as duas margens do rio), está prevista para o segundo semestre do ano que vem.
A segunda fase diz respeito à renovação de passarelas de acesso e a conclusão está prevista para o final de 2024. A terceira seria o desenvolvimento comercial das margens do rio e seu término é estimada somente para o fim de 2025.
Junto à usina, Doria citou o parque linear Bruno Covas, que fica às margens do rio e é atravessado por uma ciclovia. O ex-prefeito morreu de câncer em 2021, durante o mandato.
No local, até o momento, há playground e o Centro de Convivência Morumbi. Segundo o governo, estão em fase de acabamento as obras de quadras de basquete, tênis de praia, vôlei, futebol, um mirante flutuante e a passarela de acesso.
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