WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A cidade de Washington fará um debate neste mês sobre uma alternativa à tarifa zero nos transportes: em vez de deixar de cobrar pelas viagens, a ideia é dar um crédito mensal de US$ 100 (R$ 526) a cada morador, para ser usado na rede de metrô e de ônibus.
As passagens na capital dos EUA custam em torno de US$ 2 (R$ 10,54) e variam de acordo com a distância percorrida. Assim, um crédito de US$ 100 permitiria algo em torno de 50 viagens mensais, o suficiente para ir e voltar do trabalho em 25 dias, por exemplo. O valor seria creditado nos cartões Smartrip, o bilhete único local.
O valor não seria acumulado: o saldo voltaria a US$ 100 a cada começo de mês, mesmo que o usuário não tenha gasto toda a cota do mês anterior.
O projeto prevê também a criação de um fundo para melhorias no transporte público, de ao menos US$ 10 milhões anuais, a serem usados para renovar a frota e ampliar faixas exclusivas, por exemplo. A expectativa é que a iniciativa custe ao todo entre US$ 54 e US$ 151 milhões por ano. O dinheiro para custeá-lo viria dos impostos municipais. A arrecadação local subiu no ano passado por conta da valorização imobiliária na capital.
Apresentada pela primeira vez em março de 2020, a proposta será debatida em uma audiência pública do Comitê de Transportes e Ambiente da cidade no dia 23 de fevereiro. Ao menos 10 dos 13 conselheiros municipais se mostraram favoráveis ao plano, segundo o jornal The Washington Post. Ainda não há data para que a medida seja levada ao Plenário.
Autor da proposta, o conselheiro municipal Charles Allen defende que o modelo estimula a empresa de transporte local a atrair mais passageiros, pois só receberá o valor dado aos usuários se eles efetivamente fizerem as viagens.
“Quero que a Wmata (empresa de transporte) conquiste a sua viagem. Dar a ela uma grande quantidade de recursos não garante qualquer melhoria aos passageiros e pesquisas sobre simplesmente tornar o sistema “tarifa zero” não leva a melhorias de serviço”, disse Allen, ao divulgar o debate sobre a medida.
O parlamentar do Partido Democrata defende que há muitas razões para ampliar o acesso ao transporte, como reduzir a poluição e o trânsito e baixar os custos para as famílias. “Isso pode ser parte da recuperação econômica do Distrito [de Columbia]. E pode ser também uma vantagem de morar no Distrito. Como um parque, uma escola, o uso do transporte público também pode ser um benefício”, defende.
Washington tem uma rede de ônibus e metrô que atende também cidades vizinhas nos estados de Maryland e Virgínia. A pandemia levou a uma queda forte no número de passageiros. Em 2021, o sistema transportou em torno de 35% do público que recebia antes da Covid, segundo projeções da Wmata. A empresa espera recuperar 75% do volume de viajantes que tinha antes da crise sanitária só em 2024.
O serviço também enfrenta problemas técnicos. Em outubro, houve um descarrilamento de um trem do metrô. Depois disso, todas as composições do mesmo modelo que se acidentou foram retiradas de circulação. Desde então, o sistema passou a operar só com 40% da frota, formada por veículos antigos. Assim, o tempo de espera nas estações ficou maior: o intervalo entre trens chega a 30 minutos aos fins de semana. A previsão é que a operação seja normalizada só em abril.
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