SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ditador norte-coreano Kim Jong-un voltou a aparecer em imagens oficiais do regime galopando em um cavalo branco, em uma exaltação a sua “liderança econômica” no comando do país. O registro está em documentário divulgado pela ditadura nesta semana, que mostra os desafios econômicos do país, altamente atingida pela pandemia da Covid-19 e por sanções internacionais.
O vídeo não cita, no entanto, os recentes lançamentos de mísseis por parte de Pyongyang, que começou o ano com sete testes de armas, incluindo o lançamento de seu míssil mais poderoso desde 2017. Os testes geraram temores de que Kim possa retomar os lançamentos de mísseis de longo alcance.
“O tema geral do documentário é a devoção e o trabalho duro de Kim pelo povo”, disse à AFP Rachel Minyoung Lee, do programa 38 North, do centro de pesquisas Stimson Center, em Washington.
O documentário começa e termina com imagens de Kim montado em um cavalo branco, um símbolo do governo dinástico de sua família. Expediente parecido já havia sido utilizado em outras ocasiões, como em 2019, com o ditador cavalgando em uma montanha sagrada na fronteira com a China.
A Coreia do Norte se prepara para celebrar, neste mês, o 80º aniversário de nascimento do falecido ditador Kim Jong-il. Em abril, comemorará o 110º aniversário do avô do atual líder, Kim Il-sung. Imagens de Kim em um cavalo branco “são usadas para lembrar aos espectadores que Kim Jong-un é descendente de Kim Il-sung, que é uma figura sagrada”, diz Yang Moo-jin, da Universidade de Estudos Norte-Coreanos.
A peça de propaganda usa uma série de analogias para abordar as severas dificuldades do país, com imagens de Kim descendo degraus cuidadosamente enquanto o narrador descreve como seu “corpo se debilitou completamente” pelo trabalho duro. É uma tentativa de humanizar Kim, diz Yang. “Buscam retratá-lo como um líder que ama muito seu povo e, como resultado, trabalha muito e se cansa.”
Os vídeos, divulgados por ocasião do Ano Novo lunar, podem ser uma tentativa de destacar a vitalidade de Kim, disse Cheong Seong-chang, do Centro de Estudos Norte-Coreanos do Instituto Sejong. “Isso mostra sua forte determinação e motivação para o ano novo”, afirmou o especialista.
A imprensa oficial também publicou raras imagens da mulher de Kim, Ri Sol-ju, e de uma tia do ditador, Kim Kyong-hui, em uma apresentação no teatro Mansudae, na capital, celebrando o Ano Novo.
Ri foi vista publicamente pela última vez em 9 de setembro, quando se juntou ao marido para visitar o Palácio do Sol de Kumsusan, que abriga os corpos embalsamados do avô e do pai do ditador, no aniversário da fundação do país.
“Quando [Kim] apareceu no auditório do teatro com sua esposa, Ri Sol Ju, em meio à música de boas-vindas, o público levantou aplausos tempestuosos”, publicou a agência de notícias oficial KCNA.
Imagens de TV mostraram Ri em um tradicional vestido hanbok vermelho e preto conversando e sorrindo com Kim durante a apresentação. Depois, o casal sobe ao palco para cumprimentar os artistas. A vida pessoal do ditador é envolta por mistérios e acredita-se que o casal tenha três filhos, segundo o Serviço de Inteligência da Coreia do Sul.
O vídeo também traz a primeira aparição desde janeiro de 2020 da tia de Kim, Kim Kyong-hui, ex-funcionária sênior do Partido dos Trabalhadores da Coreia. Ela aparece sentada ao lado de Ri. Kim Kyong-hui foi uma figura chave nos primeiros anos do jovem líder no poder, mas desapareceu da mídia depois que ele ordenou a execução de seu marido, o poderoso Jang Song-thaek, acusado de traição, em 2013.
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