Um dos 37 detidos por tráfico sexual de menores em Madrid, Espanha, vendeu a sua própria filha de 13 anos a um homem de origem dominicana em troca de “dois sacos de cocaína”, revela o canal La Sexta, que teve acesso às diligências policiais.
O canal revela ainda que a jovem foi forçada a ter relações sexuais com vários homens ao mesmo tempo, incluindo líderes da rede de prostituição, e que esteve 48 horas sem dormir.
O depoimento da vítima foi fundamental para a investigação da rede que obrigava jovens a prostituir-se e a consumir drogas.
Após conseguir fugir do local, a jovem foi encontrada andando pelas ruas de Madrid e transferida novamente para um centro de proteção de onde já havia escapado anteriormente. Foi nesse centro, revela o El Mundo, que a vítima contou a uma das funcionárias que estava sendo explorada por uma rede, que a obrigava a ter relações sexuais e a consumir droga, e que, além dela, outras “meninas com dificuldades financeiras” também tinham sido “recrutadas para a prostituição”.
A investigação começou em abril de 2021 e culminou, em dezembro, na detenção de 37 pessoas, com idades entre os 18 e os 56 anos. Entre os detidos estão espanhóis, marroquinos, romenos, nigerianos e cubanos, mas a maioria é de nacionalidade dominicana.
Desarticulado un grupo dedicado a la #explotaciónsexual de menores de edad. Los arrestados prostituían a las jóvenes a cambio de dinero o de droga
Hay 37 detenidos y 10 víctimas liberadas
En los registros se localizó un zulo donde explotaban sexualmente a las menores #Madrid pic.twitter.com/iZFPP2ATc0
— Policía Nacional (@policia) January 3, 2022
No início deste ano, a Polícia Nacional revelou que “os detidos, além de prostituírem as jovens, em troca de dinheiro ou drogas, também as utilizavam para a venda de entorpecentes”.
As vítimas, dez jovens entre os 14 e os 16 anos, eram aliciadas através das redes sociais. Após ser contatada pelo site de fact-checking espanhol Maldita, a Polícia de Madrid confirmou que quatro das jovens “estavam sob a tutela de vários centro da região madrilena durante o período de investigação [abril a dezembro de 2021” e as restantes “passaram em algum momento da sua vida por centros da região”.
Os abusos ocorreram num ‘narcopiso’ – palavra espanhola usada para descrever casas conhecidas por tráfico e consumo de droga – e, “quando entravam clientes para comprar as doses, uma mulher dava-lhes a possibilidade de ter relações com as menores”.
Foi num destes momentos que uma das vítimas – que o El Mundo revela hoje ser a menina vendida pelo pai – conseguiu fugir e denunciar o caso.
Além do ‘narcopiso’, as jovens eram também abusadas noutros locais, nomeadamente num cabeleireiro que continha um “esconderijo sem iluminação e uma cama”. Foi também descoberta uma câmera fotográfica, que poderá “conter material pornográfico das menores”.
Os detidos estão acusados dos crimes de agressão sexual, prostituição de menores, posse de pornografia infantil, detenção ilegal e crime contra a saúde pública. Oito ficaram em prisão preventiva.
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