Chuva causa inundação de cidade no MA; TO e PA também registram estragos

MACEIÓ, AL (UOL/FOLHAPRESS) – Após as fortes chuvas que causaram destruição no sul Bahia, outros três estados do Norte e Nordeste -Tocantins, Maranhão e Pará- sofrem com perdas e registram centenas de desabrigados em decorrência das cheias de rios.

Entre as cidades atingidas, Mirador, no sul do Maranhão, foi uma das mais afetadas. O nível das águas do rio Itapecuru subiu tanto que causou inundação e destruição inéditas na área central. A Prefeitura local, sob gestão Domingas Cabral (Republicanos), decretou estado de calamidade pública na segunda-feira (3) e afirma que essa é a maior enchente que se tem notícia na cidade.

“A preocupação não é só com o exato momento. A gente está dando assistência à população carente, mas o principal aqui foi o centro comercial atingido, onde muitos comerciantes perderam os seus pertences, seu modo de viver”, afirmou a prefeita ao site da prefeitura.

A cidade, que fica a 485 km de São Luís, tem 21 mil habitantes. Até o momento, não foi informado o número de desabrigados.

“Minha preocupação é no decorrer do inverno -que a gente não sabe até onde vai- e também como é que a gente vai reconstruir o nosso município. Ele é o quarto em extensão territorial [no estado, com 8.521 km²], então, para começar, a gente está meio que atordoado. A gente pede ajuda de quem puder ajudar, porque não vai ser fácil consertar nosso município”, emendou Cabral.

Em Imperatriz, também no Maranhão, segundo a Defesa Civil municipal, 823 pessoas foram afetadas pelas cheias -229 famílias estão desabrigadas ou desalojadas. “Atualmente temos 439 pessoas nos abrigos. É um número consideravelmente grande, e muitas dessas pessoas perderam tudo”, disse Josiano Galvão, superintendente da Defesa Civil.

A Prefeitura de Marabá, no Pará, decretou estado de emergência. Até o momento, as cheias dos rios Tocantins e Itacaiúnas desabrigaram cerca de 350 famílias. Na terça (4), o nível do rio Tocantins atingiu 11,5 m acima do normal, maior nível em 18 anos.

Segundo boletim informativo de vazões do rio Tocantins, divulgado pela Eletronorte na terça, o nível dele deve atingir a marca dos 13,25 m até a próxima sexta (7). Com a previsão, foi suspensa a construção de abrigos na região conhecida como Marabá Pioneira.

“Com 13 m, dada a experiência que temos e a topografia da região da Velha Marabá, é muito provável que até 50% da área seja atingida pela enchente. Estamos recomendando que não sejam mais feitos abrigos nos locais, que comumente se faz todos os anos, uma vez que corre o risco de a água atingir e haver um segundo desastre”, afirmou o major Gláucio de Souza, comandante do 5º Grupamento do Corpo de Bombeiros do Pará.

As cheias também atingiram o Tocantins, onde balanço do governo aponta para 340 pessoas desabrigadas no estado.

O município de São Miguel do Tocantins é o mais afetado. Segundo a prefeitura, desde 22 de dezembro, famílias começaram a ficar desabrigadas por conta da elevação do nível do rio Tocantins. Até terça, 229 famílias já haviam deixado suas casas.

“Estamos com equipes da prefeitura e voluntários com tratores, caminhões e carros utilitários para retirar os móveis que ainda faltam das famílias impactadas. As famílias estão sendo levadas para abrigos como escolas e casas de parentes”, disse o prefeito Alberto Moreira (Solidariedade) ao portal oficial da cidade.

Na terça, o governo do estado, sob gestão Wanderlei Barbosa (sem partido), enviou colchões e medicamentos aos atingidos na cidade. O governo também já garantiu o envio de cestas básicas e água potável.

No fim do ano passado, as chuvas atingiram também os estados da Bahia e de Minas Gerais, que ainda sofrem com os estragos provocados pela elevação do nível dos rios na região.

Na Bahia, a Defesa Civil afirmou que as chuvas deixam 29.243 desabrigados, 73.518 desalojados, 26 mortos e 520 feridos. O número total de atingidos alcançou 796.882 pessoas em 168 municípios afetados -desses, 157 estão em situação de emergência.

Já em Minas Gerais, foram 55 municípios afetados pelas chuvas dos últimos dias e que tiveram o decreto de emergência reconhecido pelo estado.

Segundo o meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), as chuvas fortes das últimas semanas têm relação direta com três fenômenos: o La Ninã, a Zona de Convergência do Atlântico Sul e a MJO (Madden-Julian Oscilation), fenômeno que propaga para o leste chuvas observadas sobre os oceanos Índico e Pacífico.

“Mas tem algo mais acontecendo: o aquecimento global alimenta tanto a seca quanto as chuvas extremas”, disse Barbosa.

“Com temperatura mais alta, mais umidade é necessária para atingir o nível de condensação para formar a precipitação. Como resultado, a precipitação fraca será menos comum. Mas com mais umidade na atmosfera, quando os sistemas de tempestade se desenvolvem, o aumento da umidade leva a chuvas mais pesadas”, explicou o meteorologista.

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