O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que o Brasil se saiu “razoavelmente bem” no biênio 2020-2021. Em evento organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Campos Neto destacou que a grande parte dos pares emergentes já está próxima do nível pré-pandemia.
“Quando a gente junta o biênio 20-21, o Brasil se saiu razoavelmente bem, com uma queda de 4,1%, uma queda bem menor do que a média, uma recuperação, eu diria, perto da média em 2021. E, quando a gente olha 2022, começa a ver as condições estruturais de crescimento no pós-pandemia, o Brasil volta a ficar atrás e têm tido algumas revisões para baixo”, ponderou Campos Neto.
Durante o evento da Febraban, o presidente do BC afirmou que a baixa da taxa básica de juros, a Selic, para 2% ao ano em 2020 se justificava diante das incertezas do cenário macroeconômico naquele momento. “Iniciamos um processo de alta (de juros), até surpreendemos em algumas reuniões. Eu acho que é importante a gente entender que em 2020, a gente não sabia o que iria acontecer”, disse ele durante a apresentação. “Fizemos um ajuste, colocamos muito dinheiro em circulação, e agora fizemos um novo ajuste (de alta de juros)”, afirmou ele, que não fez sinalizações sobre futuros ajustes na Selic.
No comunicado da última reunião, o Copom sinalizou que pode elevar em mais 1,5 ponto porcentual a taxa básica de juros na última reunião de 2021. Hoje, a Selic está em 7,75% ao ano.
Inflação
O presidente do Banco Central afirmou ainda que, embora a inflação do Brasil seja a segunda maior entre países emergentes, os núcleos, excluindo alimentos e energia, no País estão em linha com os pares.
Segundo Campos Neto, a inflação de energia é um tema particular no País, que foi impactado pelo aumento dos preços de commodities em meio a um processo de desvalorização cambial. O recente aumento dos preços de serviços no Brasil era esperado, na esteira da reabertura da economia, segundo o presidente do BC.
Para Campos Neto, parte do problema global da inflação se deve à avaliação feita mundialmente de que a pandemia jogaria os países em uma depressão em 2020. A resposta adotada globalmente, com fortes transferências de renda e estímulo monetário, fez com que essa depressão fosse convertida em uma recessão, disse.
Com o estímulo fiscal, a demanda por bens não foi reduzida pelo aumento da demanda por serviços com a reabertura da economia, disse Campos Neto.
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