Com leveza, jovem cego que fez mochilão pelo mundo desmistifica sua deficiência visual na internet

Quem disse que cego e academia não combinam? Ou que cego não se aventura, não viaja? O jornalista Fernando Campos tem desmistificado mitos sobre sua deficiência visual com leveza e bom humor.

No Instagram, onde possui quase 20 mil seguidores, Fernando mostra seu dia a dia malhando, viajando Brasil afora e celebrando a vida, com absoluta independência.

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O jornalista, que também é escritor e palestrante, perdeu a visão quando tinha 2 anos, vítima de um câncer de retina.

A perda da visão, no entanto, não impediu que Fernando estudasse e, depois de adulto, virasse um mochileiro com um histórico invejável de viagens pelo mundo.

Viajante do mundo

Na juventude, deixou a família, que mora no Rio Grande do Norte, e colocou a mochila nas costas para realizar dezenas de viagens no Brasil e no exterior.

No passaporte, ele acumula carimbos de viagens para Alemanha, Bélgica, França, Áustria, Holanda, Portugal e Reino Unido – país onde passou um tempo aprendendo inglês. Sempre sozinho.

Fernando também já partiu em uma jornada solo para a África do Sul, onde conheceu o namorado, Bruno Furtado, e se aventurou num safári, além de conhecer belíssimas praias.

Por aqui, na nossa vizinhança, o jornalista visitou metade dos países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Chile e Peru. Também dedicou-se a conhecer diversos estados brasileiros, do Rio Grande do Sul à Paraíba.

“Fui criado para o mundo. Meus pais nunca chegaram para mim e disseram: ‘você não pode viajar porque é cego’”, contou o rapaz de 28 anos. “E, quando pegava avião ainda criança, eu já sabia que gostava de voar. Eu achava o máximo sentir a aeronave quando ela disparava na decolagem”.

Experiências que vão além da visão

Em cada viagem realizada ao longo dos anos, Fernando foi adquirindo o gosto por explorar lugares novos e vivenciar experiências extraordinárias, que vão além da mera visão.

Nas viagens, sempre busco destinos cheios de experiências sensoriais, onde eu possa explorar o tato, o olfato, a audição e o paladar“, afirma.

Um bom exemplo disso foi uma viagem feita à Foz do Iguaçu, no Paraná, onde se encantou com o barulho quase ensurdecedor das cataratas e a sensação suave de se molhar ao estar próximo das quedas d’água.

Na África do Sul, Fernando também teve uma experiência sensorial marcante.

“Quando começamos o safári, achei que fosse me decepcionar. Mesmo com meu namorado me descrevendo as paisagens no nosso entorno, pensei que iria ser difícil sentir os animais. Mas, depois que entramos de carro na mata, comecei a sentir toda a atmosfera daquele lugar, com o vento balançando as árvores e a sensação de perigo iminente causada pelos animais selvagens. De repente, escutei um elefante comendo algo e um leão rugindo. Até me emocionei”, contou.

A pandemia forçou uma pausa no roteiro turístico, mas o jornalista já planeja fazer novas viagens quando tudo isso pausar. “Depois da pandemia, quero fazer um mochilão na Europa com meu namorado”, disse.

Quem disse que cego não malha?

Bastante ativo nas redes sociais, Fernando faz questão de mostrar seu dia a dia. Em cada post, desmistifica velhos mitos acerca das pessoas com deficiência visual.

O primeiro deles é a ideia de que ele, por ser cego, é uma pessoa “dependente” dos outros. Só que não!

Por exemplo, em um vídeo compartilhado pelo Razões no Instagram, repostado do perfil de Fernando, ele mostra sua rotina de treinos na academia.

Em outro, aparece surfando em alto-mar, dedicando o vídeo ao surfista Italo Ferreira, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Nada é impossível para Fernando, que rejeita quaisquer rótulos e prefere curtir a vida com toda a intensidade que ela merece! 🤗

Pura inspiração, né?

Casa de Apoio à Criança com Câncer

Para além da fama de mochileiro e do trabalho de conscientização acerca das pessoas com deficiência visual, o jornalista inspirou a criação da Casa Durval Paiva, entidade de acolhimento a crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas.

“Fernando foi a causa motivadora que originou a Casa Durval Paiva. [Quando criança] foi acometido pelo retinoblastoma, que lhe tirou a visão, nos seus primeiros anos de vida. Após vencer a doença, a família de Fernando decidiu fundar a Casa e […] desenvolver todo um trabalho de acolhimento”.

A Casa já atendeu centenas de jovens e suas famílias, fornecendo amparo, estrutura e tratamento para essas pessoas.

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Fotos: Reprodução / Instagram: @nandopcampos

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