ARTUR BÃRIGO
BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC (FOLHAPRESS) – A megaobra de alargamento da faixa de areia na praia central de Balneário Camboriú (SC), que concluiu na última sexta (17) o trecho de 2 km de ampliação até o molhe da Barra Sul, chama a atenção e agrada aos turistas e moradores que passam pelo local.
A obra, que irá aumentar dos atuais 25 metros para 75 metros os 5,8 km de faixa de areia, está prevista para ser finalizada no final de novembro deste ano.
Apesar de o acesso à praia ainda não ter sido liberado no trecho pronto -o que deve acontecer até o fim da próxima semana-, os moradores e turistas elogiam a iniciativa.
“Em Natal (RN), de onde venho, a faixa de areia é muito curta. Gostaria que a mesma obra feita aqui fosse repetida lá. Teríamos espaço para praticar mais atividades na beira da praia” diz a agente de trânsito Andreza Nunes, 38.
O comerciante Plácido de Castro, 67, vive em Balneário Camboriú há 12 anos e também é só elogios para a novidade.
“Eu gostei bastante, todo mundo está dizendo que os imóveis já estão valorizados. Precisava de um investimento na nossa praia, e esse vem para melhorar”, afirma Castro.
A ausência de sol na antiga faixa de areia, que começava a ser percebida a partir das 15h, fenômeno provocado também pelos famosos arranha-céus, é citada como um dos motivos de melhoria com a obra na praia central de Balneário Camboriú.
Os moradores e os vendedores que ficam no calçadão também já percebem uma alta na circulação de pessoas, mesmo considerando o período atual, de baixa temporada.
“O movimento nos últimos feriados e fins de semana já é bem maior em relação ao ano passado, parece uma temporada de verão”, afirma Sirlei Coan, que vende churros e milho em uma barraquinha no calçadão próximo ao molhe da Barra Sul, e mora há 30 anos na cidade.
O movimento de turistas gerado pela ampliação da faixa de areia, porém, não agrada a todos.
“Achei o alargamento bacana, mas em todo final de ano fica quase impossível de circular aqui e vai ficar pior, vai trazer muita gente pra cá”, afirma a aposentada Maria Luiza, 70, que mora em Joinville, no norte do estado, mas passa os fins de semana na cidade litorânea há 21 anos.
Balneário Camboriú tem 149.227 habitantes na estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas chega a ser frequentada por mais de um milhão de pessoas durante o período do Réveillon.
Um temor comum entre os moradores ouvidos pela Folha é de que a ampliação da faixa de areia, no futuro, seja revertida pelo avanço do mar. Para Mauro Michelena, professor de oceanografia da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), é improvável que isso aconteça.
“Se o projeto seguir todos os parâmetros do estudo de impacto ambiental realizado, como o uso do mesmo grão de areia que existia na praia antes do alargamento, o processo de erosão costeira não vai acontecer”, afirma Michelena. “Talvez seja necessária uma reposição de areia daqui a 10 ou 20 anos, mas não dessa magnitude”.
Alta procura A atração a novos moradores também é percebida pelo setor imobiliário local. De acordo com levantamento da Sort Investimentos, a procura de clientes por apartamentos na cidade cresceu 120% desde o início das obras de alargamento, em março.
Outra alta significativa é percebida no valor cobrado pelo metro quadrado (m²) dos novos empreendimentos lançados na beira-mar, que já é um dos mais caros do país.
Na pesquisa da Sort, que usa inteligência artificial para mapear os anúncios de imóveis nos sites, o valor médio do m² dos imóveis dessa localidade passou de R$ 33.500, em abril, para mais de R$ 40 mil nos lançamentos realizados nos últimos meses.
“A gente percebe que essa valorização não aconteceu só nos prédios de frente para a praia, mas também nos outros imóveis de Balneário. Atualmente, o valor médio de um apartamento no centro da cidade é em torno de R$ 1,85 milhão”, afirma Renato Monteiro, fundador da empresa.
Segundo relatório de agosto do indicador FipeZap, que mede o preço de venda de imóveis em 50 cidades do país, o valor médio do m² em Balneário Camboriú é de R$ 8.455. No levantamento, o município só fica atrás de Brasília (R$ 8.503), Rio de Janeiro (R$ 9.584) e São Paulo (R$ 9.602).
A obra A intenção do alargamento da faixa de areia é retomar o cenário perdido ao longo de 70 anos de desenvolvimento da cidade e transformá-lo na segunda maior em faixa de areia do Brasil, perdendo apenas para Copacabana, no Rio de Janeiro.
A areia é coletada em até 40 metros de profundidade em uma jazida que fica a 15 km da praia. Cerca de 13,5 mil m³ do material são carregados por uma cisterna até o ponto de junção da draga, a cerca de 2 km do ponto de descarregamento. Uma tubulação submersa tem então o trabalho final de fazer chegar a areia à praia.
O plano de execução do atual projeto foi custeado por um grupo de empresários locais e a obra, estimada em R$ 66 milhões, foi possível por meio de um empréstimo do Banco do Brasil.
A ampliação da faixa de areia é a primeira parte de um projeto de reurbanização de Balneário Camboriú, que contempla a instalação de novos equipamentos de lazer, além de praças e parques. Esta etapa do plano só deve ser iniciada após a temporada de verão.
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