Anticorpos da estirpe original do coronavírus não se ligam a variantes

Um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que os anticorpos contra a estirpe original do SARS-CoV-2, detectada em 2019 em Wuhan, na China, não se associam à proteína espícula das novas variantes virais, recentemente identificadas um pouco por todo o mundo. 

As pessoas infectadas com a estirpe original do vírus que causa a Covid-19 no início da pandemia produziram uma resposta consistente de anticorpos, fazendo assim com que dois grupos principais de anticorpos se ligassem à proteína espícula (‘spike’) na superfície exterior do vírus.

No entanto, esses anticorpos não se ligam bem às variantes mais recentes, revela um novo estudo da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, conforme explica um artigo publicado no site da instituição de ensino superior. 

Caracterizar que tipos de anticorpos o corpo apresenta uma maior probabilidade de produzir para combater uma infecção natural é um elemento chave quando se trata de formular uma vacina totalmente eficaz, disse o líder do estudo e professor de bioquímica Nicholas Wu. Ele e uma equipe de pesquisadores divulgaram as conclusões na revista Nature Communications.

“A resposta dos anticorpos é bastante relevante para tudo, desde a compreensão da infecção natural, a como nos recuperamos da infecção até ao design da vacina. O corpo tem a capacidade de produzir respostas de anticorpos diversos – estima-se que poderíamos produzir um trilhão de anticorpos diferentes. Então, quando vemos que as pessoas estão produzindo anticorpos bastante semelhantes a um vírus em particular, chamamos esse processo de resposta convergente de anticorpos”, partilhou Wu.

“Tal significa que podemos projetar vacinas tentando obter esse tipo de resposta de anticorpos, e isso provavelmente vai melhorar a capacidade de resposta de mais indivíduos à vacina”, acrescentou. 

Ora, de acordo com os pesquisadores, o fato do tipo de anticorpos produzidos por pessoas infectadas no começo da pandemia não se ligar às estirpes recentes é uma fonte de preocupação.

“Isso, é claro, aumenta a preocupação do vírus evoluir para escapar da principal resposta de anticorpos do organismo”, referiu o professor. 

Segundo a pesquisa, os dados apurados destacam a capacidade das novas estirpes reinfectarem pessoas que contraíram versões anteriores do vírus. O que por sua vez pode sabotar a eficácia da vacinação e os planos de tomas de doses de reforço. Ainda assim, e como o corpo humano produz anticorpos para muitas partes do coronavírus, não apenas contra a proteína espículas, é possível que alguns ainda possam ser eficazes contra determinadas estirpes. 

Wu refere que o próximo passo é estudar a resposta imune tendo como foco a variante Delta (B.1.617.2), detectada originalmente na Índia – de modo a entender que tipo de resposta esta produz e como difere da versão inicial do coronavírus.

 

 

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