AMANDA LEMOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após o Carnaval de 2022, quem passar em frente ao número 262 da rua Araújo, no centro de São Paulo, não verá mais o letreiro piscante da Love Story. A antiga boate terá um grafismo como novo nome, o símbolo
A proposta é que a nova casa seja reconhecida como um “templo do sexo”, definem os novos donos, Facundo Guerra, Cairê Aoas e Lily Scott, conhecidos empresários da noite paulistana.
“A Love Story era uma mancha para a noite de São Paulo, um lugar sujo, de muita dor, mulheres eram desrespeitadas”, diz Facundo, que também comanda o grupo Vegas, responsável por casas noturnas como o Bar dos Arcos, Lions, Yacht, Z Carniceria e Cine Joia.
A tônica sexual, que sempre foi a marca do local, no entanto, não vai desaparecer, mas ganhar um novo tratamento, conta o empresário. “Nos últimos anos, houve uma mudança sobre como o sexo é visto. Estamos em um momento de maior libertação, não é mais um tópico escondido”.
A Love Story entrou com um pedido de recuperação judicial em agosto de 2018 –contabilizava uma dívida de quase R$ 1,7 milhão– e teve sua falência decretada em fevereiro deste ano. Em maio, um leilão no valor R$ 5,5 milhões foi iniciado para ressarcir os credores, mas ninguém deu lance.
Quando souberam do fracasso do leilão, os empresários decidiram oferecer R$ 200 mil, valor aceito pelo juiz que acompanha o processo. “Outro interessado chegou a oferecer R$ 37 mil, valor que foi rejeitado, então decidimos fazer uma oferta maior”, conta Aoas.
Os empresários fazem questão de dizer que o local não será uma casa de striptease, muito menos um clube de swing ou um puteiro, mas que vai oferecer atividades com inspiração erótica –e os sócios já estão se preparando para a gestão do local.
Lily Scott, por exemplo, tem passagem comprada para Nova York, onde irá visitar casas noturnas que trabalham com a temática do sexo.
Uma ampla reforma vai remodelar os quatro andares do prédio que abrigada a antiga boate para a instalação dos novos ambientes. O responsável por transformar o local será o arquiteto e designer Maurício Arruda, conhecido pelo programa Decora, do canal GNT.
No térreo, onde ficava a pista de dança, já está certo que haverá uma área destinada a performances artísticas, com uma estrutura de teatro. “Mas serão encenações sem genitália”, afirma Facundo.
O grupo já está em busca de inspiração para as performances. “Vamos fazer uma pesquisa de grupos online de voyeurismo, swing, BDSM [prática de amarrar o parceiro consensualmente], de todo o universo que engloba o sexo”, explica ele.
O empresário adianta que esse teatro será uma oportunidade de iniciação para quem tem receio de se aventurar em sites que tratam desses temas pela internet. “Uma das coisas que debatemos foi a dificuldade de encontrar um lugar confortável, ou menos agressivo, onde se possa tratar dessa temática”.
Mayumi Sato, pesquisadora e diretora do Sexlog, uma rede social de sexo, fará a curadoria. O performance e drag queen Ikaro Kadoshi ficará responsável pela direção artística das apresentações.
Mas a Love Story não vai desaparecer por completo. Parte da casa será preservada “para lembrar que o espaço tem história, que um dia foi a Love Story”, afirma Facundo. A decoração será inspirada no shibari, prática erótica japonesa de amarração com cordas para prender e dar prazer ao parceiro.
“Esses rituais têm caráter estético, cultural. Não é putaria”, diz Facundo.
Os DJs convidados também terão a tarefa de pensar em uma sequência de músicas para transar.
O segundo andar, que na época da Love Story era ocupado pela administração, vai virar uma livraria erótica misturada com uma loja de sex toys e casa de chás.
Nos dois últimos andares, os novos donos querem apresentar uma proposta mais arrojada. Em parceria com o motel Lush, haverá uma área com quartos para os clientes que queiram colocar em prática o que viram no primeiro andar.
“Queremos realmente ressignificar o local”, afirma Facundo.
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