A mobilização de uma jovem de 22 anos nas redes sociais chegou aos ouvidos do Google, que convenceu a empresa a modificar o resultado das pesquisas para o termo “síndrome de Down”.
Antes da campanha de Vitória Mesquita, de Brasília (DF), a busca classificava a trissomia do cromossomo 21 como “doença” e, agora, mostra ela como “condição genética” (que é o certo!).
Tudo isso foi possível graças ao engajamento de milhares de pessoas através da hashtag #atualizagoogle. Para a jovem, essa mudança, por mais singela que seja, fará toda a diferença daqui pra frente.
“Imagine um jovem que fazia pesquisa sobre a condição de um colega de classe com Down e lê que ele é uma pessoa doente e com distúrbio? Ou mesmo uma mãe à espera de uma criança com síndrome de Down imaginar que terá um filho doente e que a culpa seria dela? As informações, como estavam na plataforma, levavam algumas pessoas a pensarem dessa forma”, descreveu a influencer. “Além de criar um estereótipo falso, ainda gerava capacitismo, ao fazer com que a sociedade veja essas pessoas como menos capazes.”
Em resposta à campanha, o Google explicou que as informações que constam nas buscas são extraídas de plataformas da área médica e que alterou seus parâmetros de busca.
“Quero ensinar e contar mais sobre a minha vida”
Meses atrás, Vitória, em parceria com a irmã, a comunicóloga Luiza Mesquita, 26 anos, criou uma conta no Instagram que já possui mais de 16 mil seguidores.
“Criei este blog junto com minha irmã porque quero ensinar e contar mais sobre a minha vida”, diz Vitória. “Só quero fazer o melhor para todos. Assim, as pessoas podem lutar contra o preconceito, contra o capacitismo, contra o bullying”.
Segundo Luiza, a ideia surge para estimular a criatividade e autoestima da irmã durante esse período difícil de pandemia. Ao mesmo tempo, desmistifica a síndrome de Down de forma leve e profissional.
Antes da campanha de Vitória.
Depois da campanha #atualizagoogle.
Com a vitória da mobilização, o senador Romário, que é pai de uma menina com Sown, parabenizou os envolvidos na mudança. Nos últimos anos, projetos relativos à condição genética são pauta constante na agenda política do senador.
“A mudança do termo é uma imensa vitória, especialmente quando se trata do maior site de buscas do mundo. O Google, hoje, funciona como uma porta de entrada para o conhecimento. Usar o termo correto é fundamental para não desinformar as pessoas ou reforçar estereótipos negativos”, disse Romário ao portal Metrópoles.
Confira a resposta completa do Google:
“O conteúdo dos nossos painéis de informações sobre saúde vêm de parceiros com os quais trabalhamos em todo o mundo, incluindo o Hospital Israelita Albert Einstein no Brasil. Esse conteúdo foi revisado e atualizado pelo nosso parceiro e agora está refletido na busca. A qualquer momento, nossos usuários podem relatar informações incorretas ou desatualizadas e enviar seus comentários aqui, o que nos ajuda a melhorar os resultados no futuro.”
Luta continua
Na visão de Vitória, ainda há longo um caminho a ser percorrido para se alcançar a igualdade no Distrito Federal. As principais dificuldades enfrentadas são a ausência de oportunidades no mercado de trabalho e a falta de conhecimento, que impede que pessoas com síndrome de Down sejam consideradas como indivíduos com características e capacidades únicas.
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Fonte: O Povo
Fotos: Reprodução / Instagram: @hey.viti
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