(FOLHAPRESS) – O governo britânico afirmou nesta segunda (13) que vai oferecer vacinas contra Covid para todas as crianças com 12 anos ou mais. A campanha deve começar na próxima semana, nas escolas, e exige o consentimento de pais ou responsáveis.
A decisão segue uma orientação dos diretores médicos da Inglaterra, de Gales, da Escócia e da Irlanda do Norte, tomada na noite de domingo (12). A agência regulatória britânica (MHRA) deu em junho o sinal verde para a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 12 a 15 anos.
A campanha vai porém na direção contrária da recomendação do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI), que analisou benefícios e riscos para os indivíduos-alvo e recomendou não aplicar as injeções por enquanto em crianças saudáveis.
O órgão citou risco de efeitos colaterais raros e incerteza sobre o grau adicional de proteção das vacinas para esse grupo, mas recomendou a imunização de crianças com doenças que as deixam mais vulneráveis e para jovens a partir de 16 anos..
Epidemiologistas e especialistas em saúde pública já haviam levantado na semana passada a possibilidade de que, apesar dessa orientação, o governo levasse adiante a vacinação de crianças, por considerar em sua decisão outros aspectos, como o impacto na transmissão para pessoas vulneráveis e na educação.
Os diretores médicos citaram o impacto na presença dos alunos nas escolas em sua avaliação, e pediram ao JCVI que indicasse quais os fármacos mais indicados e que intervalo deveria ser adotado entre doses para essa faixa etária.
A Sociedade Real de Pediatria e Saúde Infantil aprovou a medida, citando também o efeito na sociabilização das crianças -mais protegidas, elas podem interagir mais entre si–, mas alertou que o fundamental é manter as outras vacinas infantis, em que os “benefícios à saúde são mais claros e têm o potencial de salvar vidas”.
Também o Colégio Real de Pediatria e Saúde Infantil (RCPCH), que foi consultado pelos diretores médicos das quatro nações, citou preocupação com os efeitos indiretos da pandemia, como as faltas escolares e o efeito na saúde mental.
A escola é um centro de referência importante de serviços de saúde e segurança infantis, e quarentenas ou suspensão de aulas por causa da Covid afetam desproporcionalmente os alunos mais pobres, diz a avaliação.
“A participação em atividades dentro e fora da escola é fundamental para o desenvolvimento, a resiliência, a saúde mental e o bem-estar das crianças. Precisamos garantir que essa participação volte ao normal com urgência”, declarou a instituição, ressalvando que a vacina “não é uma solução mágica e, isoladamente, não vai melhorar a frequência escolar”.
O RCPCH afirmou ainda que o combate à pandemia ainda não terminou e não depende da vacinação infantil e, sim, do avanço na proteção da população entre 20 e 50 anos.
Para Liz Whittaker, professora de doenças infecciosas pediátricas e imunologia do Imperial College de Londres, a recomendação do JCVI foi correta do ponto de vista das evidências científicas disponíveis.
“Mas também considero correto, tendo em vista o quadro mais amplo, oferecer a opção de vacinação a jovens saudáveis”, disse ela. “Para muitos desses jovens, ter a vacina dá-lhes a oportunidade de fazer algo para proteger sua capacidade de ir à escola, proteger sua família e voltar ao normal.”
Whittaker ressaltou que a decisão será tomada por pais e filhos, e, “sob nenhuma circunstância, os que optarem por não receber a vacina devem ser penalizados ou estigmatizados”. “Não deve ser um fator limitante para o acesso à escola, atividades extracurriculares ou passeios escolares.
Vacinação de crianças em outros países
O governo dos EUA ainda aguarda estudos científicos sobre benefícios e riscos de vacinas em crianças de 12 a 15 anos saudáveis, e afirmou que pode iniciar a imunização dessa faixa etária até o final do ano.
Já no Chile mais de 650 mil crianças acima dos 12 anos receberam uma primeira dose, e na semana passada, a imunização foi aprovada a partir dos 6 anos.
Na Espanha, jovens de 12 a 17 anos receberam uma dose de Pfizer no começo deste mês, antes do início das aulas.
Também na cidade de São Paulo, jovens de 12 a 16 anos sem comorbidades começaram a ser vacinados na última segunda (6).
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