Kadu, um exemplar macho de cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), que nasceu no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” em 2018, foi transferido em novembro do ano passado para o Zooparque de Itatiba (SP), com o intuito parear com a fêmea da mesma espécie, Lina. A ação foi um sucesso e o casal teve o seu primeiro filhote no início do mês de agosto deste ano. A espécie nativa da fauna brasileira é considerada ameaçada de extinção.
A transferência do exemplar macho do Zoo de Sorocaba atendeu à recomendação do Programa de Conservação ex situ para o cervo-do-pantanal, coordenado pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Esse é um dos importantes trabalhos desenvolvidos em nosso zoo, que é o da conservação de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção”, explica o secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema), Antonio Prieto.
O “Quinzinho de Barros”, assim como outras instituições brasileiras semelhantes, recebe animais de três maneiras: por meio de resgate e apreensões realizados pela Polícia Ambiental ou pelo Corpo de Bombeiros; por meio de nascimentos na própria instituição ou, ainda, provenientes de transferências entre zoológicos.
Eventualmente, eles podem ser reintroduzidos na natureza. Em 2019, por exemplo, a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade realizou o processo de reintrodução de um casal de antas, que nasceu no Zoo de Sorocaba, em uma reserva ambiental da Mata Atlântica, no Rio de Janeiro. O processo, denominado Refaunação, tem como objetivo a reintrodução da espécie na floresta nativa e sua preservação no ecossistema.
Considerado o maior cervídeo da América Latina, o cervo-do-pantanal está ameaçado de extinção devido à caça predatória e à destruição de seu habitat. Atualmente, a espécie é encontrada apenas nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, além de países, como Argentina, Bolívia, Paraguai e Peru.
Fêmea de muriqui foi transferida para o Zoo de São Paulo
Júlia, uma das fêmeas de muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) do “Quinzinho de Barros”, foi outro animal a participar dessa ação de transferência de animais entre zoológicos. Ela foi levada, no dia 24 de agosto, para o Zoológico de São Paulo, atendendo à recomendação do Programa de Conservação ex situ para o muriqui-do-sul, com o objetivo de promover o pareamento com o exemplar macho da mesma espécie, que habita a instituição da capital paulista.
Considerado o maior primata das Américas, o muriqui-do-sul também é conhecido como mono-carvoeiro e só existe na Floresta Atlântica do Brasil. Trata-se de uma das espécies de macaco mais ameaçada de extinção do mundo, com uma população de 1.300 indivíduos, de acordo com a IUCN (International Union for Conservation of Nature). A destruição do habitat natural, a baixa taxa de reprodução da espécie e a caça são responsáveis pelo quase desaparecimento do muriqui na natureza.
O biólogo Marcos Tokuda conta que, no mundo, apenas três zoológicos têm muriqui-do-sul em seu plantel: o de Sorocaba, São Paulo e Curitiba. Júlia nasceu no zoo sorocabano em 2014 e já era considerada uma fêmea adulta.
Para esse trabalho de conservação, coordenado pelo ICMBio, o Zoológico de Sorocaba é responsável pelo studbook do muriqui-do-sul, um livro de registros genealógicos, que concentra informações diversas do animal, como, por exemplo, quais são os zoológicos que abrigam a espécie, além da quantidade de machos e de fêmeas, idade e parentesco de cada indivíduo.
“Esse livro de registros genealógicos do muriqui-do-sul contém informações essenciais que garantem a continuidade de espécie para a sua reprodução com vida saudável. É como se fosse uma árvore genealógica do animal. A partir desse documento, nós conseguimos identificar os indivíduos mais adequados do ponto de vista genético e propor a formação de casais para gerar filhotes saudáveis em termos genético e comportamental”, explica Marcos Tokuda.
Administrado pela Sema, o “Quinzinho de Barros” é considerado um dos mais completos zoológicos da América Latina, classificado pelo Ibama na categoria A, que é a mais elevada. Além da conservação, o parque desempenha um importante trabalho de pesquisa, bem-estar animal, educação ambiental e lazer, que são as cinco funções de um zoológico moderno.
O Zoológico Municipal está localizado na Rua Theodoro Kaisel, 883, na Vila Hortência. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3227-5454.
Foto: Acervo/Zooparque Itatiba
Meio Ambiente – Agência de Notícias