Engenheiro mineiro de 29 anos conquista prêmio de melhor tese de doutorado do mundo

Um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se tornou reconhecido mundialmente após ser premiado como autor da melhor tese de doutorado do mundo, na categoria ‘Engenharia Elétrica’.

Mestre e doutor na área, Allan Fagner Cupertino, 29 anos, foi laureado pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos – IEEE), organização em fins lucrativos fundada nos EUA.

A tese de Allan recebeu o título, em tradução livre, de “Estratégias de modelagem, design e tolerância a falhas para compensadores síncronos estáticos modulares baseados em conversor em cascata”. Pelo título já dá pra ter uma noção do nível de complexidade da peça, né? 😆

Ela trata de uma solução para problemas encontrados na produção de energia renovável, como a solar, a eólica, a hídrica e a maremotriz.

De acordo com Allan, quanto mais uma usina solar ou eólica cresce, maior é a importância de um “acessório” que ajuda em seu funcionamento constante.

É aí que se encaixa a tese do cientista, pois esses acessórios são muito caros. Ele explica:

“A minha tese não lida diretamente com fonte de energia renovável, mas trata de uma tecnologia muito importante para o desenvolvimento desse mercado. Vamos pensar numa hidrelétrica. Temos a água represada e, se abrirmos mais a comporta, conseguimos gerar mais energia.

Na energia solar e eólica, não temos a comporta e não há maneiras de controlar isso [a produção], ficamos à mercê dos fenômenos climáticos. Por esse motivo, quando essa fonte começa a ter uma participação muito grande no sistema elétrico, como em alguns países europeus, a interrupção começa a gerar problemas no sistema elétrico funcionando. Para tentar resolver isso, a gente tem uns componentes no sistema que são os compensadores estáticos.

O compensador é um componente a mais que precisa ser instalado junto com a fazenda fotovoltaica ou com uma usina eólica grande, para garantir o funcionamento correto do sistema elétrico. Um equipamento desse, vamos supor que custa 10 milhões para ser instalado. Ele precisa estar funcionando o tempo todo, então seu custo operacional é muito alto.

E durante o funcionamento desse equipamento, que já custa 10 milhões, pode ter um custo adicional de mais 10 milhões. Ou seja, a despesa operacional pode comparar ao custo do próprio equipamento. Uma das abordagens que tentei atacar no meu doutorado foi, justamente, reduzir o custo operacional. Seja de manutenção ou o custo fixo de operação”, disse o cientista.

Ao reduzir essa despesa, as fontes de energia renovável se tornam mais integradas ao sistema. “Um dos benefícios indiretos que a gente tem dessa redução é que, isso contribui para aumentar a integração das fontes de energia renovável“.

Completar essa tese de doutorado e ganhar tamanho reconhecimento foi algo extraordinário para Allan, que ainda assim ficou surpreso ao receber a notícia de que havia ganhado um prêmio internacional por ela.

“Eu sempre fui uma pessoa bem pé no chão, mas a minha tese já tinha sido premiada no Brasil pela UFMG e pela Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência. Então, quando fiz a inscrição no prêmio, achava que poderia ganhar, mas quando recebi a notícia mesmo, fiquei surpreso. Estava na sala de casa quando soube, dei até um grito! Me deu uma sensação de dever cumprido“, completou o cientista, que sempre estudou em escolas e instituições públicas.

Por fim, ele agradeceu à universidade pelo apoio e incentivos. “[…] Sou grato à UFMG por ter fornecido meios para o desenvolvimento do estudo no Brasil. Tive oportunidade de ir para a Dinamarca e fiquei um ano lá pesquisando, graças à Capes, que possibilitou o financiamento. Fui bastante abençoado, também, por ter todos colegas de laboratório, por isso agradeço a todos eles. Acredito que grande parte do sucesso não teria sido alcançado se não fosse essa equipe trabalhando comigo“, finalizou.

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Fonte: Correio Braziliense
Fotos: Arquivo pessoal / Allan Cupertino

EDUCAÇÃO – Razões para Acreditar