Coragem. Coragem para seguir em frente, para olhar para trás e reconhecer os erros.
Coragem para mudar, para provar que mudou. Coragem para transformar o que era lixo em lugar seguro, transformar “quem” era lixo, em referência.
Com certeza, coragem é a palavra que define a vida de Cléuvis José dos Santos, um ex-presidiário condenado por tráfico de drogas e homicídio. Uma pessoa que cresceu sem pai, se perdeu nas drogas, encontrou consolo e falsa coragem no mundo do crime. Alguém que foi capaz de dar 16 facadas em outra pessoa e chegou a sentir uma raiva descontrolada a ponto de ouvir “bom dia” e querer matar alguém.
“Quando escutamos a história do Cléuvis, arrepiamos. Ele tem muita clareza do que fez, de
como se perdeu e de tudo que lhe custou suas escolhas erradas lá atrás. Aquilo tudo
mexeu com a gente não só porque era pesado, mas porque para muitos ele já tinha
atravessado todos os limites e já não era possível voltar ou recomeçar. Mas, ele provou que nunca é tarde demais e isso é gigantesco!”, contam Iara e Eduardo, os Caçadores de Bons Exemplos.
O recomeçar daquele homem se deu dentro de um presídio em Sorriso, Mato Grosso,
quando teve a chance de participar de um projeto e ter contato com uma pastoral que
desenvolvia trabalhos ali. Quando se encontrou e entendeu tudo o que tinha feito, se
martirizou durante algum tempo e tinha muito medo do que a abstinência das drogas faria
com ele.
Quando cumpriu sua pena e saiu de novo para as ruas, ele só pensava em construir algo
que pudesse mudar de fato a vida das pessoas e viu em um lixão, dentro de um os bairros
mais pobres da cidade, o lugar certo para criar o Mãezinha do Céu.
“Eu sabia que ali era o lugar reservado para o nosso trabalho. Tinha certeza mesmo com as
dificuldade que enfrentamos para aterrar e conseguir patrocínio para organizar tudo, eu
tinha certeza. Ali educaríamos crianças e adolescentes, conversaríamos e apoiaríamos de
uma forma que fosse capaz de previnir que eles seguissem pelos caminhos que eu segui”,
conta Cléuvis.
Partilhar sempre foi o caminho que eles escolheram para romper barreiras e criar um laço
com quem passasse por lá. Contar e escutar as histórias de cada um, fazia com que todos
se sentissem confortáveis e ficassem abertos para escutar o que eles tinham para ensinar.
“Criamos um teatro: pedíamos para eles trazerem a roupa do pai, e os jovens encenaram o
pai chegando em casa, derrubando mesa, batendo na mãe. E a cada cena que assistíamos,
oferecíamos comida e também nossa percepção da realidade deles, dos traumas que
guardavam, da revolta que algumas crianças tinham”, completa Cléuvis.
“Não tenho palavras para isso. Eu era um traficante, usuário de drogas, dependente
químico. Cometi homicídio, várias tentativas de homicídio e sou ex-detento. Uma pessoa
sem coração durante um bom tempo da minha vida. Um lixo mesmo, uma coisa estragada.
E, há vinte anos eu mudei. O que eu quero com isso? Quero mostrar que é possível mudar.
É possível acreditar no ser humano, independentemente da condição em que ele esteja ou
viva. Nunca vire as costas para ninguém. Dê uma oportunidade”, diz emocionado!
Para saber mais sobre o projeto e o trabalho que ele desenvolve, acesse:
Facebook: @associacaomaezinhadoceu
Instagram: @maezinhadoceuassociacao
E-mail: adm_maezinhadoceu@hotmail.com
Conteúdo produzido pelos Caçadores de Bons Exemplos, projeto parceiro do Razões.
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