Trinta anos atrás, a professora aposentada Nilza Viana viu uma propaganda do Centro de Valorização da Vida (CVV). Nilza, hoje com 70 anos, descobriu que a associação sem fins-lucrativos oferecia apoio emocional e prevenção do suicídio de maneira anônima.
Encantada, resolveu fazer parte!
Boa ouvinte, Nilza, que mora em Fortaleza (CE), não pensou duas vezes e lá se vão três décadas acolhendo pessoas que nunca viu na vida. Nilza conciliou o trabalho de professora com a sua atuação no CVV por dez anos.
Depois da aposentadoria, passou a se dedicar integralmente ao CVV. Para ela, a “continuidade do trabalho que eu fazia em sala de aula porque falo com pessoas”. Em todo atendimento, Nilza deixa o coração falar mais alto. Mas diz que é um coração com razão.
Atendimento voluntário e gratuito a pessoas que querem ou precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Foto: divulgação
Afinal, existe toda uma preparação do voluntário para ser o melhor ouvinte possível – cada vida é uma história.
“Estamos sempre preparados porque estudamos muito para olhar para o outro com um olhar generoso, acolher e respeitar cada um individualmente”, conta.
Nilza vai além e diz que se prepara como se fosse receber a pessoa que está do outro lado da linha – ou da tela – na sua própria casa. Queremos receber nossas visitas sempre bem, não é verdade? 🥰
“Depois do meu plantão, a sensação é de dever cumprido porque dediquei meu tempo a ouvir, independente de qual seja o assunto. Procuro ser verdadeira e respeitosa para que a pessoa se sinta acolhida”, afirma.
A escuta em tempos de isolamento
Em tempos como estes, ouvir mais nunca foi tão necessário.
“O distanciamento gera uma bola de neve que pode acarretar coisas mais sérias. Eu sei que é difícil para quem está em casa nesse momento. Conviver com muitas pessoas durante muito tempo, às vezes, gera estresse. Mas o escutar nessa época é muito importante”, diz.
Nilza reforça a importância de se ouvir mais em tempos tão difíceis. Foto: Nilza Viana/Arquivo pessoal
E que seja uma escuta sem críticas, mas compreensiva, assim como a escuta do CVV.
Ouça mais
Mas que isso não termine junto com a pandemia. Pelo contrário, devemos praticar o exercício da escuta em qualquer circunstância. E que tal ter em mãos esse e outros conselhos de quem já viveu mais de 50 anos?
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